Incertezas econômicas, estoques elevados e o desaquecimento na
demanda frearam os negócios das incorporadoras ao longo do terceiro trimestre,
provocando redução nas vendas de imóveis e dos lançamentos de novos projetos.
Os empreendimentos imobiliários lançados entre julho e
setembro tiveram queda de 23% no VGV (valor geral de vendas) em relação aos
mesmos meses do ano passado.
O levantamento foi feito pelo Broadcast, serviço de notícias em
tempo real da Agência Estado, a partir do relatório operacional divulgado por
oito das maiores companhias do país listadas na bolsa (Cyrela, Gafisa, MRV, Direcional, EZtec, Even,Helbor e Rodobens).
Números
são parciais e devem cair ainda mais
Os
números de vendas ainda são parciais e devem ser revistos para baixo, pois
algumas empresas divulgaram apenas o volume bruto de vendas, sem considerar a
quantidade de distratos. Esses detalhes serão conhecidos só no próximo mês, com
a divulgação dos balanços completos. Na avaliação do diretor-financeiro da EZTec, Emílio Fugazza, o
ano tem sido muito desafiador para o mercado imobiliário.
As
desculpas de sempre
Além
dos feriados da Copa do Mundo esvaziarem os estandes de vendas em junho e
julho, há um quadro eleitoral indefinido, que tira a previsibilidade sobre os
rumos econômicos do país e atrapalha o planejamento de longo prazo, essencial
tanto para empresas de construção quanto para compradores de imóveis.
O arrefecimento do setor também pode ser explicado por problemas
operacionais das próprias incorporadoras, com estoques altos, aponta o analista
de construção do banco JP Morgan, Marcelo Motta. "As empresas tiraram o pé
do acelerador e adiaram novos projetos para não criar mais estoques", disse.
Motta lembrou que a prioridade das companhias é vender unidades
já lançadas e controlar rescisões de vendas. Desde o ano passado, o distrato se
tornou um problema de grandes proporções, reflexo do grande volume de obras em
fase final.
Comprar
imóvel esperando valorização deixou de ser atrativo
Há
casos de clientes que compraram o imóvel esperando valorização na
revenda, mas têm optado por devolvê-lo espontaneamente. Como o preço já não
sobe tanto, o negócio deixa de ser atrativo.
Distratos
chegaram a 80,2%
No terceiro
trimestre, a Gafisa foi a única das oito empresas acima a informar os números
de distratos. No seu caso, as rescisões atingiram 43,6% das vendas brutas entre
julho e setembro.
No caso da Tenda, sua subsidiária, o patamar foi ainda mais
alto: 80,2%.
Com a rescisão forçada, a Gafisa busca acelerar a revenda para
compradores com condições financeiras melhores.
Outro ponto que contribuiu para a retração do mercado
imobiliário foi o enfraquecimento da demanda.
Clientes
estão mais "seletivos"
De
acordo com Belmiro Quintaes, diretor de atendimento da imobiliária Lopes, os
compradores têm levado mais tempo para fechar negócio, à procura de preços
atrativos e ofertas especiais. "O cliente tem mais opções e está mais
seletivo, então demora mais para definir a compra", disse.
Quintaes acredita que, encerrado o período eleitoral, pode haver
melhora das vendas e lançamentos no quarto trimestre, que tradicionalmente é
mais forte.
(Exame - Economia - Notícias - 26/10/2014)
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