É um
esfriamento natural, após o forte aquecimento que o mercado teve
Um
ano de muitos eventos, preços atingindo o teto e crescimento da oferta de
imóveis no mercado do Rio estão levando imobiliárias e construtoras a estarem
mais abertas para negociar. E isso pode significar descontos de até 20% no
preço final da compra, seja de novos ou usados. Para Rogério Quintanilha,
gerente-geral de vendas da Apsa, o setor no Rio de Janeiro não se beneficiou
tanto quanto esperava com a realização dos eventos esportivos, nem com a
indústria de extração de óleo e gás.
O consumidor
está aumentando o tempo de análise de compra. As Olimpíadas continuam
movimentado a cidade em termos de renda, mas quem compra imóvel começa a ter
uma visão de médio e longo prazos. Há uma percepção de aumento do desemprego,
então, o endividamento extenso faz com que pessoas pensem mais. O processo
eleitoral também afeta. Alguns esperam o resultado para decidir sobre a compra.
O mercado veio com expectativa muito grande de aumento e estes valores ficaram
muito acima da realidade.
Agora, as
negociações levam a redução de preços de até 20%.
Ano "atípico"
O
presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário
(Ademi), João Paulo Matos, explica que, em seu ponto de vista, 2014 tem sido um
ano atípico, por conta dos vários eventos que a capital recebe, o que resulta
em um desaquecimento.
- O mercado
veio crescendo muito forte nos anos anteriores e, agora, se deparou com vários
eventos atípicos: carnaval em março, feriados em abril, Copa do Mundo e
eleições. Tudo isso fez com que o mercado ficasse mais devagar. Claro, afeta o
setor e pode levar as construtoras a darem descontos. Mas o setor vai voltar ao
ritmo após as eleições — aposta Matos.
Queda? Não. Possibilidade
maior de negociação e maior "flexibilidade"
Leonardo
Schneider, vice-presidente do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio) e
presidente da Apsa, concorda: diz que desaquecimento não significa queda de
preços direta generalizada, mas, sim, uma possibilidade maior de negociação,
que pode resultar nestes descontos:
- Chegamos a um
patamar de preço máximo. Nos últimos 12 meses, percebe-se a acomodação. Os
preços não caíram, mas há uma maior flexibilidade. Como tem mais ofertas que
demanda no mercado, as pessoas estão analisando mais. As construtoras passaram
a ter mais estoque e a fazer mais promoções com imóveis na planta. É a lei de
oferta e demanda que regula o mercado.
Esfriamento
natural
A acomodação já
vem sendo observada nos últimos resultados do Índice FipeZap, que calcula o
valor médio do metro quadrado anunciado de 16 cidades brasileiras. Segundo
economista da Fipe, Bruno Oliva, as variações mensais do último FipeZap de Rio
e São Paulo apresentam uma tendência de acomodação no país, que deve continuar.
Oliva ressalta, entretanto, que os preços não vão cair de uma hora para outra:
- É um esfriamento
natural, após o forte aquecimento que o mercado teve.
(O Globo - Economia - Imóveis - 14/10/2014)
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