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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Valor: Em crise, mercado imobiliário assume que queda vem desde 2011

"Hoje, apesar dos descontos, o cliente adia a compra à espera de uma oportunidade melhor. Já o empresário está mais conservador para lançar e não é por falta de projeto aprovado. Tudo isso leva a um movimento muito fraco do mercado"
A conta da desaceleração econômica chegou pesada a São Paulo. Maior mercado imobiliário do Brasil, a capital paulista viu a comercialização de residenciais novos despencar 48,3% de janeiro a junho, ante igual período do ano passado, pegando de surpresa um segmento que projetava desempenho no mínimo similar ao de 2013, quando as vendas subiram 23,6%. Ainda que seja esperada recuperação no segundo semestre - historicamente o período em que dois terços dos negócios são fechados -, o esfriamento da demanda já levou o Secovi-SP a rever para baixo suas projeções para o ano.
Baixo crescimento econômico, incertezas com o novo ciclo eleitoral, juros em alta que encarecem as parcelas do financiamento imobiliário e falta de confiança de um consumidor cuja renda já não cresce no mesmo ritmo do biênio 2010/2011, quando o mercado experimentou seu boom, explicam em parte a perda de fôlego na procura pelo novo apartamento. Uma situação que força as incorporadoras a apostar em ajustes, oferecendo descontos nos estoques para gerar caixa e represando lançamentos até que a demanda dê indícios de reaquecimento.
"Lançamos muito menos do que no ano passado", afirma Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP, que explica que o desempenho do PIB não é o único componente da engrenagem. No ano, até junho, os lançamentos residenciais na capital somam 11.360 unidades, queda de 18,8% sobre igual período de 2013. "Hoje, apesar dos descontos, o cliente adia a compra à espera de uma oportunidade melhor. Já o empresário está mais conservador para lançar e não é por falta de projeto aprovado. Tudo isso leva a um movimento muito fraco do mercado", afirma.
São Paulo apenas reflete o fraco desempenho do mercado imobiliário nacional. Segundo a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro (Ademi), os lançamentos no segundo maior mercado nacional cresceram apenas 1% nos primeiros seis meses do ano, sobre igual período do ano passado.
O fenômeno se multiplica Brasil afora, a julgar pelos dados do Monitor da Construção Civil (MCC), elaborado pela consultoria Tendências. O apanhado traz índices como o de lançamentos imobiliários, que apura queda em todas as regiões pesquisadas este ano. "Enquanto o índice de junho de 2013 estava em 94,20, considerando a média mensal de 2009 como base 100, em junho deste ano chegou a 30,69. Na prática, isso significa que houve redução de cerca de dois terços nos lançamentos em um ano", diz Ernesto Guedes, diretor-executivo de projetos da consultoria.
"Não há encalhe", mas descontos continuam
Na visão do mercado, não há encalhe de imóveis e a tendência é da volta do ciclo de crescimento no curto e médio prazos. 

Incorporadoras como a Rossi apostam em duas estratégias nesse momento de baixa. De um lado, campanhas de descontos, que podem chegar a 35%, para imóveis com entrega no curto prazo, visando monetizar o estoque. De outro, maior seletividade dos projetos que serão colocados na praça, diminuindo a velocidade de reposição em uma espécie de busca pelo reequilíbrio entre demanda e oferta. "Vemos o setor de forma cautelosa. O cliente está mais seletivo e perdeu um pouco o senso de urgência para a compra. Os investidores também estão mais reticentes. 
Esfriamento e preços em queda
2014 traz como tendência, ainda, a desaceleração nos preços do m² dos imóveis residenciais, constata o índice FipeZap. No acumulado de 12 meses até agosto, os imóveis anunciados em 16 cidades apresentaram desaceleração, fato que ocorreu pelo nono mês consecutivo. "Nos últimos meses vemos o aumento cada vez menor dos preços e é nítido que o momento é de esfriamento, tanto da demanda como da oferta", opina Eduardo Zylberstajn, coordenador do índice.

Mercado assume que queda vem desde 2011
Em mercados como São Paulo e Rio, a desaceleração já é notada desde meados de 2011. Um sinal, segundo Zylberstajn, de que o Brasil converge para variações de preços cada vez menores. Com isso, entende, começa a sair da pauta a discussão sobre uma possível bolha imobiliária no país. "Houve uma mudança de patamar nos preços. Tivemos quase três décadas de preços estagnados e eles subiram aqui como aconteceu no resto do mundo. A diferença é que o movimento demorou para acontecer no Brasil e foi muito rápido. Acredito que essa história de bolha está superada", avalia.
No segmento comercial, a tendência se repete: excesso de oferta, demanda arrefecida e descontos de preços dos alugueis, aponta pesquisa da Cushman & Wakefield. No mercado nacional, a retração nos preços pedidos para locação em edifícios de escritórios corporativos foi de 4% no segundo trimestre de 2014, ante o primeiro. A desvalorização em relação ao segundo trimestre de 2013 foi de 8,6%.
(Valor Econômico - Empresas - 29/09/2014)

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