Após uma enxurrada de lançamentos de imóveis com preços de comercialização que atingiram patamares fora da curva nos últimos anos, a venda de apartamentos encalhou
Batizada nos últimos anos como a "Meca" do pré-sal, a
cidade de Santos, no litoral paulista, enfrenta um dos primeiros resultados da
danosa especulação imobiliária. Após uma enxurrada de lançamentos de imóveis
com preços de comercialização que atingiram patamares fora da curva nos últimos
anos, a venda de apartamentos encalhou.
As piores taxas de liquidez
estão nos imóveis de três e quatro dormitórios que, devido à metragem, são
geralmente os mais caros. O percentual de unidades prontas e não vendidas
chegou respectivamente a 42% e 73% em 2014, mostra estudo da Robert Michael Zarif
Assessoria Econômica, consultoria especializada em mercado imobiliário. Uma
taxa acima de 10% já é considerada ruim, afirma Zarif. "E a tendência é
piorar porque tem muita coisa em construção", diz. A maior parte será
entregue em pouco mais de um ano.
Segundo especialistas e construtores locais, a indústria
superestimou Santos ao vender a cidade como o novo polo de investimentos e
negócios da cadeia de óleo e gás. E ofertou um produto que não tem poder de
revenda em determinadas regiões do município. Sem demanda, hoje é possível
negociar imóveis novos com até 25% de desconto, algo impensável há pouco mais
de um ano.
Autorregulação
"O universo de quatro dormitórios é um mercado mais
específico, que pode ser absorvido tranquilamente. Nos demais, pode estar havendo
devolução por falta de capacidade de arcar com o financiamento. Mas o mercado
vai se autorregular, os ventos da economia é que são o problema", afirma
Ricardo Beschizza, diretor da regional de Santos do Sindicato da Indústria da
Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP).
A falácia do pré-sal e a especulação imobiliária
A indústria apostou forte em Santos depois da criação da unidade
de negócios da Petrobras na cidade, em 2006, lançando uma propaganda maciça do
potencial de investimentos na cadeia do pré-sal e na expansão do porto de
Santos. A cidade chegou a ser a terceira em afluxo de investimentos de
construtoras de São Paulo, então capitalizadas após a chegada à Bolsa de
Valores.
Mas apenas dois novos terminais
portuários foram criados nos últimos anos - longe da propalada duplicação
física do porto. E, apesar do nome, a Bacia de Santos - localizada a 300
quilômetros da costa - tem operações que vão de Cabo Frio (RJ) até
Florianópolis (SC).
"As empresas vieram de São
Paulo sem conhecer a região, com a ideia do pré-sal. O pré-sal não aconteceu e
nem vai acontecer em Santos. A cidade ficou apenas com uma gerência
administrativa. Não tem a base de transporte; não tem a base logística; e não
tem estaleiro", diz José Teixeira, proprietário da construtora Macuco, de
Santos.
"Foi uma sequência de
erros por falta de informações. Não adianta fazer apartamento de quatro suítes
de um por andar na Ponta da Praia", afirma Carlos Ferreira, delegado
regional do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Santos, referindo-se
a um bairro de Santos. "As construtoras compravam terrenos caríssimos e ao
repassar para o imóvel os números não batiam, o consumidor não tinha como
arcar", diz. Em 2013, a média salarial em Santos variou de R$ 1.266 na
agropecuária a R$ 3.612 na indústria, segundo o Relatório de Informações
Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego.
Com maior poder de barganha,
hoje o comprador consegue condições mais favoráveis na negociação. "Antes
havia construtor que reajustava o preço acima do Índice Nacional de Custo da
Construção (INCC) e não aceitava imóvel como parte do pagamento. Hoje, se ele
não aceitar, o concorrente aceita. Algumas empresas também estão fazendo
financiamento direto, sem mediação do banco", explica Ferreira.
(Valor Econômico - Empresas - 08/01/2015)
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Isso porque não há Bolha imobiliária.
ResponderExcluirJá postei aqui um prédio inteiro encalhado no Rj a mais de 1 ano e meio, o mais engraçado é que se você for no prédio tem corretores que mentem afirmando que quase tudo foi vendido.
Faltou a última parte da matéria:
ResponderExcluirPara o empresário Armênio Mendes, que tem entre os negócios a construção no litoral paulista, o potencial ainda é grande. "No momento em que ajustarem a economia o mercado voltará a crescer. A crise está longe. Não vejo dificuldade nem excesso de oferta, esses empreendimentos são diferenciados, não dá para fazer esse tipo de construção pequena", sustenta.
Caramba! Essa informação mudou a minha vida e a minha opinião em relação à bolha imobiliária...meu caro anônimo, essa parte (como outras tantas) é completamente desnecessária, pois todos os empresários do setor repetem sempre essa mesma ladainha...mas, enquanto isso...BOOMM!
ExcluirO Choro é livre Filipe, mas a realidade é dura.
ExcluirO Mendes é um empresário muito rico e pode se dar ao luxo de esperar que as vendas voltem daqui alguns anos. Mas quem é rico não gosta muito de esperar pra ver e ainda arcar com custos crescentes de manutenção de um predio inteiro!!!
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