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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Valor: Falácia do pré-sal e especulação detonam a construção em Santos

Após uma enxurrada de lançamentos de imóveis com preços de comercialização que atingiram patamares fora da curva nos últimos anos, a venda de apartamentos encalhou
Batizada nos últimos anos como a "Meca" do pré-sal, a cidade de Santos, no litoral paulista, enfrenta um dos primeiros resultados da danosa especulação imobiliária. Após uma enxurrada de lançamentos de imóveis com preços de comercialização que atingiram patamares fora da curva nos últimos anos, a venda de apartamentos encalhou.
As piores taxas de liquidez estão nos imóveis de três e quatro dormitórios que, devido à metragem, são geralmente os mais caros. O percentual de unidades prontas e não vendidas chegou respectivamente a 42% e 73% em 2014, mostra estudo da Robert Michael Zarif Assessoria Econômica, consultoria especializada em mercado imobiliário. Uma taxa acima de 10% já é considerada ruim, afirma Zarif. "E a tendência é piorar porque tem muita coisa em construção", diz. A maior parte será entregue em pouco mais de um ano.
Segundo especialistas e construtores locais, a indústria superestimou Santos ao vender a cidade como o novo polo de investimentos e negócios da cadeia de óleo e gás. E ofertou um produto que não tem poder de revenda em determinadas regiões do município. Sem demanda, hoje é possível negociar imóveis novos com até 25% de desconto, algo impensável há pouco mais de um ano.
Autorregulação
"O universo de quatro dormitórios é um mercado mais específico, que pode ser absorvido tranquilamente. Nos demais, pode estar havendo devolução por falta de capacidade de arcar com o financiamento. Mas o mercado vai se autorregular, os ventos da economia é que são o problema", afirma Ricardo Beschizza, diretor da regional de Santos do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP).

A falácia do pré-sal e a especulação imobiliária
A indústria apostou forte em Santos depois da criação da unidade de negócios da Petrobras na cidade, em 2006, lançando uma propaganda maciça do potencial de investimentos na cadeia do pré-sal e na expansão do porto de Santos. A cidade chegou a ser a terceira em afluxo de investimentos de construtoras de São Paulo, então capitalizadas após a chegada à Bolsa de Valores.

Mas apenas dois novos terminais portuários foram criados nos últimos anos - longe da propalada duplicação física do porto. E, apesar do nome, a Bacia de Santos - localizada a 300 quilômetros da costa - tem operações que vão de Cabo Frio (RJ) até Florianópolis (SC).
"As empresas vieram de São Paulo sem conhecer a região, com a ideia do pré-sal. O pré-sal não aconteceu e nem vai acontecer em Santos. A cidade ficou apenas com uma gerência administrativa. Não tem a base de transporte; não tem a base logística; e não tem estaleiro", diz José Teixeira, proprietário da construtora Macuco, de Santos.
"Foi uma sequência de erros por falta de informações. Não adianta fazer apartamento de quatro suítes de um por andar na Ponta da Praia", afirma Carlos Ferreira, delegado regional do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Santos, referindo-se a um bairro de Santos. "As construtoras compravam terrenos caríssimos e ao repassar para o imóvel os números não batiam, o consumidor não tinha como arcar", diz. Em 2013, a média salarial em Santos variou de R$ 1.266 na agropecuária a R$ 3.612 na indústria, segundo o Relatório de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego.
Com maior poder de barganha, hoje o comprador consegue condições mais favoráveis na negociação. "Antes havia construtor que reajustava o preço acima do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) e não aceitava imóvel como parte do pagamento. Hoje, se ele não aceitar, o concorrente aceita. Algumas empresas também estão fazendo financiamento direto, sem mediação do banco", explica Ferreira.
(Valor Econômico - Empresas - 08/01/2015)

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5 comentários:

  1. Isso porque não há Bolha imobiliária.

    Já postei aqui um prédio inteiro encalhado no Rj a mais de 1 ano e meio, o mais engraçado é que se você for no prédio tem corretores que mentem afirmando que quase tudo foi vendido.



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  2. Faltou a última parte da matéria:

    Para o empresário Armênio Mendes, que tem entre os negócios a construção no litoral paulista, o potencial ainda é grande. "No momento em que ajustarem a economia o mercado voltará a crescer. A crise está longe. Não vejo dificuldade nem excesso de oferta, esses empreendimentos são diferenciados, não dá para fazer esse tipo de construção pequena", sustenta.

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    1. Caramba! Essa informação mudou a minha vida e a minha opinião em relação à bolha imobiliária...meu caro anônimo, essa parte (como outras tantas) é completamente desnecessária, pois todos os empresários do setor repetem sempre essa mesma ladainha...mas, enquanto isso...BOOMM!

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    2. O Choro é livre Filipe, mas a realidade é dura.

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    3. O Mendes é um empresário muito rico e pode se dar ao luxo de esperar que as vendas voltem daqui alguns anos. Mas quem é rico não gosta muito de esperar pra ver e ainda arcar com custos crescentes de manutenção de um predio inteiro!!!

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