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domingo, 9 de março de 2014

Corretores frustrados e endividados confirmam estouro da bolha

Hoje, frustrado com a profissão, o corretor distribui currículos e estuda para concurso. “Quero estabilidade”, sublinha

O encanto e a euforia deram lugar às dívidas. Durante os tempos áureos do mercado imobiliário no país, entre 2008 e 2011, milhares de brasileiros — incluindo advogados, servidores públicos e jovens recém-formados — decidiram virar corretores, querendo ficar ricos do dia para noite. Agora, quem esqueceu de poupar está com a corda no pescoço, pois o boom do mercado deu lugar ao retorno da "estabilidade".

Aflitos com as contas a pagar, corretores e ex-corretores têm recorrido a consultores financeiros para pedir socorro. Nos escritórios, é com saudosismo que eles lembram do período em que todas as unidades de um empreendimento eram vendidas horas depois do lançamento e, com a renda repentina, podiam comprar carros importados, trocar de casa e viajar para o exterior. “Muitos gastaram tudo e, claro, se endividaram”, conta o diretor-executivo da Libratta, Rogério Olegário.

Quando o mercado ainda estava aquecido, em 2011, o paulista Leandro de Assis, de 33 anos, decidiu apostar todas as fichas no setor imobiliário. Mudou-se para Brasília, fez um curso de três meses e virou corretor. Mesmo sendo novato na área, driblou a concorrência e logo vendeu um apartamento milionário. “Embolsei R$ 23 mil de uma só vez”, lembra. Ao perceber que os dígitos da conta bancária não paravam de subir, comprou um carro e fez viagens pelo Brasil e para o exterior.

A ambição pelo dinheiro súbito fez com que Leandro esquecesse de poupar. Com as vendas em queda, ele sofreu as consequências da falta de planejamento. “Não conseguia vender tanto quanto antes e comecei a me endividar. Tive que recorrer ao crédito para pagar as dívidas, incluindo o aluguel”, conta. Hoje, frustrado com a profissão, o corretor distribui currículos e estuda para concurso. “Quero estabilidade”, sublinha.

O freio na economia brasileira, o endividamento das famílias, o excesso da oferta de imóveis e a forte especulação levaram à acomodação do mercado que mudou os planos de Leandro e de tantos outros corretores de imóveis. A valorização, que chegou a 30% ao ano, hoje, em alguns casos, foi reduzida a valores abaixo da inflação, segundo o índice da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Em algumas localidades onde o valor do metro quadrado alcançou a casa dos dois dígitos, as unidades até caíram de preço.

Para o vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI/Secovi-MG), Fernando Júnior, que está há 30 anos no mercado, a mudança no cenário mexeu com o bolso apenas de alguns corretores mais aventureiros, que entraram no setor sem conhecer a sua dinâmica. “Os profissionais que conhecem a área sabem que existem períodos de euforia, mas também de estabilização e se prepararam financeiramente”, pondera. Ainda de acordo com ele, hoje a renda do corretor no estado é coerente com o preço dos imóveis, mas principalmente com a sua produtividade e força de vendas. “Aqueles que se comportaram como se tivessem ganhado na loteria foram os que mais sofreram”, diz o vice-presidente da CMI/Secovi-MG.

Em Minas Gerais, o consultor financeiro Carlos Eduardo Costa pondera que o grande erro dos corretores, de forma geral, foi não poupar ao longo do período onde os ganhos foram satisfatórios. “Muitos imaginaram que ganhariam o mesmo valor pelo resto da vida”, diz. Carlos Costa. E, por isso, foram no caminho contrário, elevando o padrão de vida, comprando carro importado, casa com prestação alta, viajando e colocando os filhos em escolas particulares. “Nesse momento eles deveriam ter tido cuidado para que despesas fixas não alcançassem um patamar elevado do salário, que é variável, e investido em uma poupança mais agressiva”, diz.



(Jornal Estado de Minas - Lugar Certo - Notícias - 09/03/2014)

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6 comentários:

  1. Obrigado pelo artigo, as vezes penso juntar para dar uma entrada em um imóvel e artigos como esse tem grande valia

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  2. Já fui corretor de imóveis por quase 15 anos e nessa profissão sempre teve altos e baixos,mas parece que dessa vez foi longe demais.
    Mas acredito que o pior ainda não chegou,pois o governo da Pres.Dilma vai fazer o possível e o impossível,para não prejudicar a economia este ano.Mas ano que vem após as eleições,não importa quem assuma,vai ter que fazer duros ajustes e então pode ser que o ¨bicho¨ pegue para valer.
    Até torço para estar errado,mas parece que tudo leva a crer que iremos para esse caminho.

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  3. Eles tambem aguçam a ganancia de quem vende um terreno por exemplo p/ pequenas ou grandes construtoras, estes agentes sao os mais gananciosos, e como agentes no intuito de sua ganancia, mentem inclusivem para os compradores, o importante eh a comissao, eh a sede du puder..., o resto que sifo.....

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  4. "Muitos imaginaram que ganhariam o mesmo valor pelo resto da vida" -- tradução: muitos acreditaram na propaganda do mercado imobiliário que até hoje é feita.

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  5. O "Observador do Mercado" e o "Bolha Imobiliária no Brasil" avisaram COM MUITA ANTECEDÊNCIA. Entrou na onda quem quis.

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  6. eu vejo que os compradores perderam o poder de compra e muitos estão com medo de assumir compromissos longos com um financiamento de 240 meses por outro lado os que vao pagar um imóvel avista passam proposta abaixo de 30 % do valor pedido ate vejo que estão certos pois os preços dos imóveis estão bem acima da realidade pois estão no teto mais alto

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