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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Estadão: Antes do estouro, EUA também negava a bolha imobiliária

Transcrições das reuniões do Banco Central norte-americano em 2006 foram liberadas ao público; 'bolha' imobiliária estouraria apenas meses depois desses encontros

As transcrições das reuniões do Federal Reserve norte-americano em 2006 indicam que o presidente da instituição, Ben Bernanke, e seus colegas não mostraram preocupação com o mercado imobiliário; eles previam um "pouso suave" para a economia norte-americana. Bernanke havia assumido o posto em fevereiro daquele ano, no lugar de Alan Greenspan.

De acordo com as transcrições liberadas ao público na última quinta-feira (12/01), poucos dirigentes do Fed pareciam preocupados com a "bolha" imobiliária, que estouraria meses depois, dando início ao processo que levaria à pior recessão desde a Grande Depressão da década de 1930.

Na reunião de maio de 2006, a diretora Susan Bies levantou a questão dos preços dos imóveis residenciais e se disse preocupada. Na reunião seguinte, em junho, Janet Yellen (que na época presidia o distrito de San Francisco e hoje é vice-presidente do Fed) parecia ser a mais preocupada com a "bolha" de preços.

Seguem-se alguns destaques das transcrições das reuniões realizadas em 2006:

27 e 28 de março: na primeira reunião presidida por Bernanke, o risco associado ao mercado de moradias já estava crescendo, mas os dirigentes do Fed não atentavam para ele. Durante a reunião, o economista-chefe do Fed, David Stockton, previu uma desaceleração modesta no mercado de imóveis residenciais. "Neste momento, a sensação é como a de andar de montanha russa com os olhos fechados. Sentimos que estamos passando do topo, mas não sabemos o que ha embaixo", disse Stockton. Ele também afirmou que o mercado de moradias era "o risco mais evidente" para a economia. "Eu não sei como prever esses preços", acrescentou.

Bernanke, por sua vez, disse: "Novamente, eu acho que é improvável que venhamos a ver o crescimento ser descarrilado pelo mercado de moradias, mas quero que estejamos preparados para algumas flutuações de trimestre para trimestre"; embora identificasse o setor de imóveis residenciais como crucial, Bernanke concordou "com a maioria das declarações de que fundamentos fortes suportam um pouso relativamente suave para o setor de moradias". Na mesma reunião, Geithner disse que "os preços das ações e os spreads de crédito sugerem uma confiança considerável na perspectiva para o crescimento. As condições financeiras, de uma maneira geral, parecem dar um bom apoio à expansão".

10 de maio: Durante a reunião, Susan Bies tenta retomar a discussão sobre o setor de moradias e sua preocupação. "Eu tenho dúvidas sobre a capacidade do consumidor para absorver choques."
Bies adverte: "A esperteza cada vez maior do setor bancário está me deixando mais nervosa à medida que avançamos neste ciclo, e não mais reconfortada por termos aprendido a lição. Alguns dos modelos que os bancos estão usando foram claramente montados em tempos de juros em queda e de preços de imóveis em alta. Não está claro o que poderá acontecer quando qualquer uma dessas tendências for revertida".

Bernanke reconhece o risco, mas não se mostra muito preocupado. "Até agora, temos visto, na pior das hipóteses, um declínio ordeiro no mercado de moradias, mas acho que ainda estamos para ver se o mercado de imóveis vai declinar lentamente ou mais rapidamente. Como eu observei da outra vez, alguma correção nesse mercado é uma coisa saudável, e nosso objetivo não deve ser tentar prevenir essa correção, mas sim assegurar que a correção não influencie muito o crescimento do resto da economia."

28 e 29 de junho: Ao resumir as opiniões dos dirigentes do Fed, Bernanke diz que está ficando cada vez mais difícil fazer previsões; ele descreve as condições da economia como "extremamente complicadas". Como é particularmente difícil fazer projeções sobre o mercado de imóveis, o presidente do Fed diz que esse é "um risco importante, e um que nos deve tornar cautelosos em nossas tomadas de decisão".

8 de agosto: Janet Yellen parece ser a participante mais preocupada com o mercado de moradias, ao advertir que a desaceleração do mercado de imóveis poderia se tornar "uma depressão indesejável". O Fed mantém as taxas de juro inalteradas; Geithner sugere citar no comunicado que um dos motivos é a debilidade do mercado de imóveis, mas a maioria é contra.

20 de setembro: O Fed cita declínios nos preços da energia e dos imóveis residenciais. Contudo, o economista-chefe David Stockton diz que a economia "se dobra, mas não quebra" em um dos cenários discutidos, de depressão no setor de moradias. "Até agora, o dano colateral da desaceleração no mercado de imóveis residenciais tem sido limitado, e, na maior parte, esperamos que isso continue assim, pelo menos por algum tempo". Bernanke observa que há uma divisão quanto a como o mercado de moradias está sendo visto pelo Fed, com alguns dirigentes esperando uma correção profunda e outros dizendo acreditar que a renda e o nível dos juros vão dar apoio ao setor. "A economia, exceto pelos setores automotivo e de moradias, ainda está bastante forte, e nós ainda não vemos qualquer contágio significativo a partir do setor de moradias", diz Bernanke.

24 e 25 de outubro: Os dirigentes do Fed passam a maior parte da reunião discutindo como melhorar a comunicação com o público. Boa parte do tempo é dedicada a um debate sobre os termos a serem empregados no comunicado. Os participantes debatem o significado que pode ser atribuído à palavra "moderado" quando usada para descrever sua expectativa de crescimento.

12 de dezembro: Na última reunião de 2006, os participantes do mercado não mostram consciência da tempestade que está por vir. Boa parte das discussões é sobre emprego e inflação. A debilidade crescente do mercado de imóveis residenciais é vista como uma correção de excessos anteriores. A então presidente do Fed de Boston, Cathy Minehan, observa que há uma desaceleração no mercado de moradias em seu distrito, mas não vê muita preocupação com isso. O então vice-presidente do Fed, Donald Kohn, diz que os estoques crescentes da indústria é "um tanto mais preocupante" do que a desaceleração no setor de moradias.

Nessa reunião, a diretora Susan Bies parece, uma vez mais, estar à frente da curva. "O grau de alavancagem em cada negócio de imóvel residencial ainda precisará de alguma correção no futuro, e, por isso, poderemos ver alguma desaceleração.", diz Bies. Segundo as transcrições, Bernanke novamente deixa de ver qualquer problema no mercado de imóveis e reafirma suas previsões de "pouso suave" para a economia.

As transcrições das reuniões do Fed em 2006, acompanhadas dos materiais usados nas apresentações feitas pelos técnicos da instituição, estão disponíveis no site do Federal Reserve. As informações são da Dow Jones.


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4 comentários:

  1. Reforçando a crise segue link do Sinduscon de Porto Alegre : http://www.sinduscon-rs.com.br/site/principal/conteudo_nivel_3.php?codConteudo=509

    A taxa de velocidade de vendas (relação das vendas sobre as ofertas) de imóveis novos em Porto Alegre foi de 8,13% em novembro de 2011, resultado superior ao registrado em outubro, quando atingiu a 8,08%, conforme apurou a Pesquisa do Mercado Imobiliário elaborada mensalmente pelo Sinduscon/RS. Em relação a novembro de 2010, houve uma queda, uma vez que naquele mês a taxa foi de 10,34%. A taxa média doze meses de velocidade de vendas em novembro de 2011 foi de 10,03%, resultado também bastante inferior ao observado nos doze meses fechados em novembro de 2010, quando foi de 13,02%.

    Conforme a pesquisa, em novembro último foram negociadas 328 unidades, num crescimento de 14,29% na comparação com outubro. Já em relação a novembro de 2010, houve queda de 10,63%. Em termos acumulados, de janeiro a novembro de 2011, foram negociadas 3.742 unidades, o que representa uma diminuição de 22,51% comparativamente a igual período do ano anterior. Nos últimos doze meses fechados em novembro de 2011, foram negociadas 4.635 unidades, o que significa queda de 15,93% em relação aos doze meses fechados em novembro de 2010.

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  2. Pois é. E hoje, 4 anos depois, a maioria das casas vendidas naquela época vale cerca de 50% do valor. E continuam caindo. Os bancos estão retomando muitos imóveis.

    O pior prejudicado é o contribuinte, pois o crédito da compra dos imóveis foi garantidos pelo governo que está retomando as casas e ficando com elas encalhadas. E daqui a pouco passará a vender em valor de mercado atual, tomando um prejuízo da ordem de 50%, e quem paga a brincadeira é o contribuinte.

    Já em relação ao FED é o banco mais cretino do mundo, imprime dinheiro para emprestar para o governo e o governo paga juros deste dinheiro a ele pelo "dinheiro emprestado". Só que esse dinheiro é fabricado, milhões de dólares por dia, sem lastro nem nada, o que garante ele é que seu portador confia em sua origem, o dia que perderem a credibilidade e verem que não passa de papel com 13 trilhões em dívidas neste papel eu quero ver.

    Enquanto isso aqui no Brasil o ministro e a presidente pedindo a população para não parar de consumir. O salário mínimo aumentou e tudo aumentou junto. Os imóveis já estão super inflacionados e parecendo que se está no alge e o governo não faz nada. Do jeito que as coisas vao não duvido que nós seremos os próximos.

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  3. Vejam os argumentos do "tio Ben" sobre a bolha americana:

    rcesar.net/2011/10/como-negar-a-existencia-de-uma-bolha/

    -Roberto.

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  4. Acho que o clima ta meio tenso.

    Tabela 9: Quantidades de imóveis residenciais vendidos em Belo Horizonte
    Período Quantidade de Unidades Vendidas
    Nov/09 474
    Dez/09 357
    Jan/10 617
    Fev/10 461
    Mar/10 613
    Abr/10 348
    Mai/10 396
    Jun/10 376
    Jul/10 849
    Ago/10 716
    Set/10 325
    Out/10 393
    Nov/10 498
    Dez/10 609
    Jan/11 236
    Fev/11 574
    Mar/11 550
    Abr/11 169
    Mai/11 259
    Jun/11 572
    Jul/11 182
    Ago/11 101
    Set/11 188
    Out/11 152
    Nov/11 165
    FONTE: Fundação IPEAD/UFMG

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