Dalí, você não tem para onde ir. No desespero, senta no parapeito da janela. Imagine que a sua filha, que está do lado de fora, não pode fazer nada. Agora, imagine um lugar em que isso acontece com 320 famílias todos os dias. Essa é a história da Espanha hoje.
Robinson veio da Nigéria em 1997 em busca de melhores condições, em uma época de ouro na Espanha. De 1995 a 2005, sete milhões de empregos novos foram gerados. O país crescia 4% ao ano, principalmente por causa das novas construções.
Robinson trabalhava como pedreiro. Conseguiu comprar um apartamento em Madri, financiado em 20 anos; 55 metros quadrados divididos entre sete pessoas. Só que em 2008 a crise chegou.
De lá para cá, quatro milhões de pessoas perderam seus empregos. Hoje, um em cada quatro espanhóis não tem trabalho; 350 mil pessoas já foram despejadas. Agora, é a vez da família de Robinson. As empresas pararam de construir, e ele perdeu o emprego. Não pôde mais pagar a prestação da casa, o equivalente a R$ 3 mil por mês.
O trecho acima foi retirado da matéria veiculada pelo programa Fantástico, da Rede Globo, no último domingo (18 de novembro), que aborda os nefastos efeitos da bolha imobiliária. clique aqui para ver a matéria completa
Desde que a bolha imobiliária estourou em 2008,
os bancos tomaram aproximadamente 400 mil casas de proprietários devedores na
Espanha e mais 200 mil processos de despejo estão em curso na justiça. Com o
desemprego maciço e a queda da renda familiar, os mutuários se viram
impossibilitados de manter o pagamento das hipotecas. A lei espanhola não
garante proteção eficaz do consumidor frente a cláusulas abusivas nos contratos
de empréstimos hipotecários, como reconheceu o Tribunal de Justiça da União
Europeia.
No último fim de semana, houve manifestações de
rua, depois que uma ex-vereadora socialista, Amaia Egana, de 53 anos de idade,
saltou do quarto andar do prédio onde morava quando oficiais de justiça estavam
tentando despejá-la. A pressão levou o primeiro-ministro Mariano Rajoy, do
Partido Popular, a convocar ontem seu partido conservador e os socialistas da
oposição a acelerarem as negociações sobre a reforma das leis de despejo.
No mesmo dia, a Associação Espanhola dos Bancos
(AEB) informou que, por razões humanitárias, as instituições financeiras
deixarão de buscar na justiça o despejo de mutuários mais necessitados, nos
próximos dois anos. Entre as empresas que assinaram o compromisso estão o Banco
do Brasil e o Citibank. Mas nem todos os bancos que atuam na Espanha aderiram,
alegando não desejar premiar a inadimplência nem dificultar a recuperação
econômica.
Os acionistas desses bancos deveriam se lembrar
das lições da história. Foi num momento como este que Hitler passou a culpar os
banqueiros judeus pelas dificuldades econômicas da Alemanha. Não se pode dizer,
também, que os bancos brasileiros, em geral, tenham aprendido com a história.
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