No acompanhamento dos balanços, o mercado continuará atento à geração de
caixa operacional pelas empresas, aos distratos, além das despesas gerais e
administrativas, que ganham mais atenções num cenário redução dos lançamentos.
Em relatório, a BES Securities do Brasil diz esperar que os resultados do
quarto trimestre começarão a separar as incorporadoras de sua cobertura em três
grupos. No primeiro deles, estariam Cyrela Brazil Realty e MRV Engenharia, à
frente dos concorrentes em termos de melhora do desempenho, ROE (retorno sobre
patrimônio) e alavancagem.
Conforme a média das projeções da BES Securities, da Itaú BBA e do JP
Morgan, o lucro líquido da Cyrela teve queda de 26,3% no quarto trimestre ante
o mesmo período de 2011, para R$ 161 milhões. A receita líquida caiu 22%, de
acordo com a média das estimativas, para R$ 1,537 bilhão.
Nas estimativas dos resultados da MRV, além da BES Securites, Itaú BBA e
JP Morgan, foi incluído o Santander. A média das projeções aponta para queda de
32% no lucro líquido, para R$ 142 milhões e para redução de 6% na receita
líquida, para R$ 1,098 bilhão. Se confirmada, a retração da receita será
consequência do menor nível de lançamentos no quarto trimestre. Há expectativa
de geração de caixa no trimestre, mas não se espera que a MRV cumpra o guidance
de margem Ebtida de 24% a 28% para o ano.
De acordo com a BES Securities, o segundo grupo de empresas seria
formado pela Gafisa e pela Brookfield Incorporações, com resultados fracos, mas
sem surpresas de maiores proporções.
No quarto trimestre de 2011, a Gafisa teve prejuízo de R$ 1,015 bilhão,
fortemente impactado por ajustes de orçamento, principalmente por conta de
problemas relacionados à Tenda. Espera-se que a divisão de baixa renda tenha
continuado a ter efeitos negativos na margem bruta da Gafisa.
Para a Brookfield, há expectativa de que a empresa tenha consumido caixa
de R$ 150 milhões no trimestre. Conforme a BES Securities, esse consumo de
caixa seria consequência dos elevados níveis de lançamentos e de estoques do
período.
Do terceiro grupo de incorporadoras, fariam parte PDG, Rossi e Tecnisa,
de acordo com a BES Securities. Conforme a corretora, pode haver surpresas negativas adicionais nos resultados dessas empresas, como estouros de
orçamento, cancelamento de vendas, provisões e reversões de receita.
A média das projeções da BES Securities, Itaú BBA e do JP Morgan aponta
queda de 18% da receita líquida da PDG, para R$ 1,437 bilhão no quarto
trimestre de 2012. As estimativas referentes à última linha do balanço estimam prejuízo líquido de R$ 10 milhões. No último
trimestre de 2011, a PDG teve prejuízo líquido de R$ 19,8 milhões. Espera-se
novo ajuste de orçamentos de grande proporção. Segundo a BES Securities, se os
ajustes de orçamento chegarem a R$ 1 bilhão no trimestre, a alavancagem da PDG
poderia alcançar 100%.
A perspectiva é que, junto aos resultados do quarto trimestre, a nova
gestão da PDG - liderada por Carlos Augusto Piani - divulgue seu plano de
negócios e o tamanho de suas operações. A companhia não apresentou prévia
operacional do quarto trimestre. No mercado, há quem afirme que a incorporadora
não lançou praticamente nada no período e que, como consequência de elevado
volume de distratos, suas vendas líquidas teriam ficado nulas ou negativas.
No caso da Rossi, a média das projeções da BES Securities, Itaú BBA e do
JP Morgan indica queda de 74% na receita líquida do quarto trimestre, para R$
744 milhões. As estimativas para a última linha do balanço estimam prejuízo
líquido de R$ 38 milhões. Assim como a PDG, a
Rossi não divulgou prévia operacional do período. Há expectativa de que a
companhia atinja o guidance de lançamentos divulgado para 2012 e que o nível de
distratos seja elevado. A Itaú BBA diz esperar outro trimestre de consumo de
caixa.
Para a Tecnisa, a BES e a Itaú BBA, uma das projeções aponta para
prejuízo líquido e outra para lucro líquido. No último trimestre de 2011, a
Tecnisa teve prejuízo líquido de R$ 31,86 milhões. São esperados novos ajustes
de orçamento, que, nas projeções da BES Securities, serão de R$ 30 milhões a R$
60 milhões no quarto trimestre. A BES Securities diz esperar também aumento de
despesas gerais e administrativas e que o consumo de caixa da Tecnisa continue
elevado.
(Valor Econômico - São Paulo/SP -
EMPRESAS - 11/03/2013 - Pág. B10)
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