Contribuição do leitor Alves Vieira
A bolha imobiliária brasileira deixou o campo da percepção e é uma
realidade, de acordo com um número cada vez maior de economistas. De 2009 para
cá, o custo de aquisição de um apartamento subiu em média 70%, contra uma
inflação de 32% no período.
A discussão cresceu depois que o norte-americano
Robert Shiller, prêmio Nobel de Economia em 2013 e conhecido por ter previsto o
estouro da bolha do mercado imobiliário dos EUA, analisou, a pedido de
investidores internacionais, o comportamento dos preços de imóveis no Brasil. E ele não teve dúvida: trata-se, sim,
de uma bolha.
O professor João Basílio Pereima Neto, economista da Universidade
Federal do Paraná, concorda, mas afirma que é uma bolha que vai esvaziar e não
implodir. “2014 vai ser um sinalizador de como este ajuste vai ocorrer e em que
velocidade. Mas é um processo que devemos ver nos próximos quatro anos, com
queda real de preços.”
Ao comparar os preços dos imóveis com o nível de déficit
habitacional, a renda, o crédito e os valores dos alugueis, Pereima chegou à
conclusão que os atuais níveis de preços não se justificam nas principais
capitais. E, com o comprador de imóvel incapaz de pagar preços tão elevados, os
patamares atuais não devem se sustentar.
Um dos primeiros economistas a publicar estudos técnicos sobre o
tema no Brasil, Luciano D’Agostini, do Grupo de Macroeconomia Estruturalista
do Desenvolvimento, diz que a bolha começou a se formar em 2003, mas foi a
partir de 2007 que os preços dos imóveis começaram a superar os indicadores de
inflação no país.
Para ele, o ajuste de mercado deve ocorrer em
quatro anos. Ele prevê uma queda mais expressiva – de até 40%, já descontada a
inflação, nesse período. Segundo ele, os preços devem cair mesmo em um cenário ainda de
déficit habitacional relevante e desemprego baixo – este último, aliás, uma
característica comum entre em países que viveram bolhas. “Qualquer soluço do
nível de emprego provoca um efeito grande sobre a inadimplência. Além disso, há
fatores de risco, como o endividamento, a alta dos juros e a menor liquidez de
recursos no mercado, o que pode afetar também as empresas do setor”, diz.
Estoque de desculpas
O termo bolha imobiliária costuma causar calafrios nas empresas do
setor. Embora os preços tenham subido bem acima da inflação a partir de 2007,
construtoras, incorporadoras e imobiliárias descartam o uso do termo. O
presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do
Paraná (Ademi/PR), Gustavo Selig, afirma que não houve especulação de preços no
setor e que os aumentos apurados nos últimos anos foram reflexo da alta dos
custos, puxados pelos terrenos e pela mão de obra.
Segundo ele, o mercado passa por um período de ajuste, mas isso
não significa que haja bolha e nem que os preços vão cair. “Pode haver um ou
outro caso entre os projetos que estão com preços fora do mercado. Mas são
pontuais”, diz. Segundo ele, os preços dos imóveis, neste ano, devem acompanhar
os índices de inflação, com alta de 6% a 8%.
A favor do seu argumento, Selig cita o fato de que não há consenso
no mercado sobre a existência de bolha no Brasil. É o caso do economista
Ricardo Amorim, que diz que os padrões de preços no Brasil, embora elevados,
não estão tão altos para países emergentes. Amorim diz que pelo menos dois
fatores são comuns a países que tiveram bolhas imobiliárias. O primeiro é o
crédito sobre o PIB acima de 50% e alto consumo de cimento per capita – de no
mínimo 400 quilos por ano. Em seu blog, Amorim lembra que o Brasil não atingiu
nenhum desses dois patamares. Para ele, ainda há espaço para os preços subirem,
não na mesma proporção dos últimos anos, mas, ainda assim, deve vir mais alta
por aí.
(Gazeta do Povo - Economia - 12/03/2014)
Quer dizer que nem com todos os veículos divulgando o estouro da bolha imobiliária, o agora desacreditado e desmoralizado garoto Cyrela, o economista Ricardo Amorim, não para de mentir? E ainda tem coragem de dizer que ainda vem mais alta por aí? Para quem não se lembra, esse economista ficou conhecido como garoto Cyrela pelo seu estreito relacionamento com o mercado de construção, por criar e divulgar dados e projeções irreais (foi ele quem afirmou que os imóveis valorizariam entre 25 e 30% ao ano, eternamente).
ResponderExcluirEsse é um que deve estar desesperado, pois como economista está completamente queimado.
PARABÈNS! FAÇO MINHAS AS SUAS PALAVRAS.ABRAÇO!
ExcluirPara um corretor tanto faz se os preços cairem ou subirem...pois recebem por comissões nas vendas! Portanto eles/as não tem motivos para preocupações.
ResponderExcluirQuanto ao déficit habitacional ser muito alto no Brasil isso não quer dizer nada! SE, e apenas SE, o tal déficit habitacional for para quem tem dinheiro e/ou condições para comprar!
De que adianta ter um "déficit" de milhões de moradias se essa multitude não tem dinheiro para comprar? É o mesmo que dizer que há um déficit de Ferraris no Brasil pq a maioria não tem Ferraris....
Ah, é? E se o mercado congelar? E se passarem os corretores passarem meses sem vender? Concordo com tudo mais que você comentou, mas os corretores são os primeiros a ter preocupações. Mas, assim como as construtoras, dependem das máscaras para manter as vendas e a renda.
Excluir
ResponderExcluirGazeta do Povo
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Publicado em 17/12/2013 | CRISTINA RIOS