A forte valorização nos preços dos imóveis no Brasil gerou o temor de uma possível bolha imobiliária. Dados do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) divulgados na terça-feira (8) mostraram que as vendas de imóveis novos na capital paulista caíram quase 50% na comparação aos números de fevereiro de 2013. Surge a dúvida: é momento de comprar a casa própria, ou seria melhor esperar os preços baixarem? Será que eles vão, de fato, cair?
O preço do metro quadrado anunciado para venda no Brasil cresceu 13,7% em 2013, segundo o índice FipeZap. Mas em março deste ano, a valorização já é menor que a inflação oficial: 0,64% em relação a fevereiro, contra 0,84% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mesmo mês.
Basta saber encontrá-las. Outro ponto convergente: de nada adianta os preços baixarem se o potencial comprador não tiver poupado o suficiente para dar uma boa entrada e reduzir o prazo do financiamento.Não há consenso entre os especialistas se os altos preços representam uma bolha ou aquecimento do mercado. Mas todos concordam que boas oportunidades de negócio existem tanto em momentos de prosperidade quanto de crise.
Esses fatores influem diretamente no custo-benefício da decisão. Antes de comprar a tão sonhada casa própria, cinco especialistas financeiros respondem se 2014 é uma boa aposta para fechar negócio ou se é melhor esperar uma mudança de mercado. Confira os conselhos:
1. SINAL VERMELHO
Janser Rojo, planejador
financeiro e sócio da Soma Invest
"Comprar
imóvel valorizado para morar não é vantajoso"
“Nos
últimos seis anos houve uma valorização de 200% nos preços dos imóveis, mas
agora notamos uma certa dificuldade em alugar os residenciais. Isso pode
indicar que a demanda já não é tão forte como nos anos anteriores e os preços
podem se acomodar. Muita gente se endividou na compra da casa própria pensando
nele como investimento. É errado pensar assim. Se ele vender, terá de comprar
outro que também valorizou. E imóvel financiado só é seu quando quitar. O
momento de mercado fica em segundo plano na compra do imóvel para morar. O mais
importante é se planejar para conseguir dar uma boa entrada para financiar o
mínimo possível, independentemente dos preços. Muitos recém-casados cometem o
erro de comprar sem planejamento e caem na armadilha de financiar pelo prazo
máximo. Se você conseguir juntar de 30% a 40% do valor do imóvel, poderá
igualar o valor da parcela ao do aluguel”.
2. SINAL VERDE
Suyen Miranda, consultora
financeira
"Há
boas oportunidades nos imóveis maiores"
“Hoje
já é nítida uma redução de preços nos imóveis de tamanho maior, com preço acima
de R$ 700 mil. Muitos estão encalhados, e quem tiver disponibilidade de
compra-los agora poderá fazer ótimo negócio. Repare que há hoje muito mais
oferta de imóveis a partir de três dormitórios do que um e dois. É nos imóveis
maiores onde estão as melhores oportunidades no momento. E a Copa do Mundo não
vai influenciar na queda dos preços como se imagina, porque as locações para
temporada nada têm a ver com o imóvel para moradia e muitas cidades, como São Paulo,
não têm essa vocação. O Mundial não fará com que as pessoas comprem mais
imóveis ou que os preços baixem, portanto não é preciso esperar o fim do evento
para encontrar um bom negócio”.
3. SINAL VERMELHO
Reinaldo Domingos, planejador
financeiro do instituto DSOP e autor do best seller "Terapia
Financeira"
"Os
preços estão muito altos e vão baixar"
“O
melhor ano para comprar a casa própria é aquele em que você pode comprar. Quem
esperar um pouco mais poderá comprar a preços mais baixos? Acredito seriamente
que sim. Não será uma queda de valores como nos Estados Unidos em 2008, mas a
acomodação de preços não vai acompanhar a inflação, causando uma perda
patrimonial nos próximos anos. Quem tiver paciência para esperar, pode se
capitalizar agora para dar uma boa entrada no futuro, para reduzir ao máximo o
valor da prestação e prazo do financiamento. Casa própria não é um
investimento, mas um bem de consumo, porque você usa e ela deprecia. Se a
prestação do imóvel que você deseja for maior que o aluguel pago, fique no
aluguel e faça poupança com o que sobrar.
4. SINAL AMARELO
Roberto Navarro, fundador do
Instituto Coaching Financeiro, programa de educação financeira com sede no Rio
de Janeiro e em Orlando, Florida
"Depende
da situação financeira de cada um"
“O
momento da compra não importa muito. Para aquisição de casa própria, é muito
importante fazer uma avaliação geral da situação econômica de cada pessoa. Se
os juros estão altos, tudo fica mais complicado [a taxa Selic atual está em
10,75% ao ano]. Ao financiar um imóvel, a pessoa terá que pagar a taxa pactuada
até o fim do prazo, que pode chegar a 30 anos. Isso significa comprar um imóvel
e pagar três ao mesmo tempo. Realmente, tem de fazer muita conta e avaliar se
esse é o momento de fazer um financiamento. Caso a decisão seja comprar,
prefira um financiamento de no máximo dez anos”.
5. SINAL VERMELHO
Antonio de Azambuja, economista
e professor da Anhanguera Educacional
"Preços
vão cair até 2017"
“Vivemos
hoje uma bolha inflacionária que gerou um aquecimento na compra de imóveis e
nos financiamentos. Mas tudo o que sobe também desce. Não acredito que essa
bolha vá estourar este ano, mas isso vai acontecer a qualquer momento. Minha
aposta é em 2017, quando o Brasil tiver esgotado seus eventos mundiais e a economia
estiver menos aquecida. Mas a decisão de comprar ou não em 2014 não pode se
basear apenas no preço. Se você ainda não consegue juntar dinheiro e tem
condições de morar com os pais, vale a pena esperar para ter melhor condição
até 2017. Se paga aluguel, é preciso ver se o valor da prestação compensa”.
(Portal IG - Economia - Finanças - Casa Própria - 10/04/2014)
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