"Nos últimos três meses no segmento de edificações, houve uma deterioração do emprego bastante consistente e, na infraestrutura, ocorreu uma instabilidade muito grande"
A perda
de fôlego do emprego no setor de construção aparece em diferentes pesquisas. Ao
lado da indústria, o fraco desempenho da construção civil colaborou, por
exemplo, para a modesta geração líquida de postos de trabalho da economia como
um todo em abril, ressalta o economista da LCA Consultores, Fabio Romão.
Ele
observa que esse movimento é nítido tanto no resultado do Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, como no da
Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE.
Em abril,
entre contratações e demissões, houve o menor resultado para esse mês desde
2003, segundo o Caged.
Pela
pesquisa da PME, a ocupação na construção civil caiu 3,1% em abril em relação
ao mesmo mês de 2013. Em março, a ocupação do setor tinha recuado 0,5% na
comparação anual.
Também a
Sondagem da Construção da FGV confirma a tendência de desaceleração. O
indicador de mão de obra prevista para os próximos seis meses diminuiu 10
pontos entre maio de 2013 e maio de 2014, ao passar de 123,4 para 110 pontos,
respectivamente.
O enfraquecimento do emprego na construção é mais nítido no
segmento imobiliário, que responde por quase 40% do pessoal ocupado. "Nos
últimos três meses no segmento de edificações, houve uma deterioração do
emprego bastante consistente e, na infraestrutura, ocorreu uma instabilidade
muito grande", diz Ana Maria - coordenadora de Projetos do Instituto Brasileiro de Economia da FGV e responsável pela sondagem.
Entre os motivos que explicam o
enfraquecimento do emprego na construção, ela aponta a finalização das obras da
Copa, mas principalmente o cenário desigual no setor imobiliário, com recuo no
emprego na região Norte, em Estados do Nordeste, como Pernambuco, Alagoas e
Maranhão:
Novas e "criativas" desculpas
Na avaliação de Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do
Sinduscon-SP, que reúne as construtoras, o estoque de ocupados na construção
não está subindo tanto como no passado porque nível atual é muito elevado.
O fator
apontado por ele para a estagnação do emprego é o aumento de produtividade do
trabalho. "É difícil ocorrer desemprego. No último quadrimestre poderemos
ter alguma redução, mas no último bimestre do ano isso é sazonal."
Expectativa de crescimento cai de 2,2% para 0,6%
O enfraquecimento do emprego na construção indica um crescimento
menor do PIB do setor. Entidades ligadas à construção e consultorias estão
reduzindo as previsões para 2014.
O Sinduscon-SP projetava crescimento de 2,8% e
agora espera um avanço entre 1% e 2%, mais próximo da faixa inferior. A consultoria
Tendências, que esperava alta de 2,2%, cortou a estimativa para 0,6%.
Segundo
Claudia Oshiro, da consultoria, se a projeção se confirmar, essa será a menor
taxa de expansão desde 2009.
(Revista Exame - Economia - Notícias - 23/06/2014)
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