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quarta-feira, 22 de abril de 2015

Estadão: Setor imobiliário vive "tempestade perfeita", dizem especialistas

Contribuição do leitor Eduardo Mazzini

Alta na taxa de juros e demanda fraca faz preço do imóvel cair; construção deve enfrentar ano mais difícil do que os anteriores e shopping centers, apesar da resiliência, também sofrerão com queda no consumo

A demanda fraca por escritórios e o ciclo de alta na taxa de juros formam um contexto extremamente desafiador para o setor imobiliário, segundo Felipe Goes, diretor ­presidente da São Carlos Investimentos. "O momento atual é quase a tempestade perfeita para o setor", afirmou, durante o Summit Imobiliário 2015, promovido pelo Estadão e pelo Secovi­SP, na capital paulista. 

Ele apresentou dados que evidenciam o aumento da vacância de imóveis em São Paulo. Com o crescimento significativo de novos estoques entre 2011 e 2013, em um ritmo bem mais expressivo que a absorção líquida, a taxa de crescimento da vacância passou de 3,9% em 2010, para 12% em 2014. 

Nessa mesma linha, Alexandre Machado, gestor de fundos imobiliários do Credit Suisse Hedging­Griffo, estima que a taxa de vacância de escritórios em São Paulo deve continuar crescendo e atingir 22%. "Uma vacância nesse nível vai acabar puxando os preços para baixo", projetou. 

Segundo Machado, existe uma correlação muito forte entre a taxa de juros real e o desempenho dos fundos imobiliários na bolsa de valores. O recente aumento na taxa básica de juros (Selic) fez o valor de mercado desses fundos cair fortemente, segundo o economista, ficando abaixo do patrimônio líquido a partir de junho de 2013. 

"Hoje, os fundos em bolsa são negociados com desconto de 30% em relação ao valor patrimonial", afirmou. 

Ano será mais complicado
2015 será o mais complicado dos últimos anos para o mercado imobiliário, com redução de lançamentos por parte das construtoras, segundo o presidente da Even, Carlos Terepins. "Teremos redução de lançamentos neste ano e 2016 ainda é uma incógnita. As construtoras vão equacionar estoques neste ano", afirmou ele, no Summit Imobiliário 2015, promovido pelo Estadão e o Secovi­SP. 

A própria Even já anunciou que não deve fazer novos lançamentos neste ano. Na comparação com o mesmo período de 2013, o valor total das unidades lançadas recuou 17,63%. O volume de vendas contratadas também recuou entre outubro e dezembro, cerca de 43% na comparação anual. 

Vítimas do próprio veneno
Segundo o presidente da Even, houve um excesso de aberturas de capitais de empresas do setor imobiliário no passado e que alguns casos "complicados" comprometeram outros players. "As construtoras são empresa que devem estar voltadas para o longo prazo. Nosso ciclo no mínimo são três anos. Querer que a cada trimestre que nós apresentemos resultado favorável é condenar a empresa a ter uma série de problemas. É uma insanidade", afirmou ele, acrescentando que não vê consolidação no setor, pois as empresas devem preferir crescimento orgânico. 

Também presente no debate, o CEO da Max Casa, José Paim de Andrade, disse que o aumento dos distratos tem elevado o número de estoques na construtoras, citando investidores que compram apartamentos e na hora da entrega das chaves não ficaram satisfeitos com a estabilização dos preços dos imóveis. 

Crise afeta também os shopping centers 
O setor de shopping centers atravessa um momento desafiador comum a todos os setores da economia brasileira, e as maiores preocupações se concentram na perspectiva de queda da renda, redução do nível de emprego e o aumento da taxa de juros, aliados a um cenário de inflação alta. A avaliação é de Renato Rique, economista e diretor presidente da Aliansce. "São fatores que levam à compressão do consumo, afetam o varejo e acabam refletindo nos shopping centers também", afirma. 

"Os shoppings não são uma ilha isolada da economia, mas são mais resilientes", disse. Além de questões macroeconômicas, Rique apontou outros fatores intrínsecos ao segmento que são complicadores no atual cenário. "Vemos o excesso de shoppings nos últimos quatro anos, com o "brotamento" de novos empreendedores de shoppings", disse, em referência à profusão de novos shoppings mesmo em cidades em que não há mercado consumidor para tanto. 

Para Alessandro Poli Veronezi, presidente do conselho de administração da General Shopping Brasil, os desafios impostos pelo cenário macroeconômico serão vencidos pelo setor de shoppings centers. O que não se consegue contornar, segundo ele, são decisões equivocadas no âmbito micro. "O cenário de ajuste macroeconômico vai levar um tempo, mas vai passar. Deve passar em dois anos", estimou. Segundo ele, no entanto, quando há falta de equilíbrio entre oferta e demanda não há muito o que ser feito. "Um shopping colocado no lugar errado não tem como ser corrigido", exemplificou. 

Para Renato Rique, no entanto, apesar dos problemas, os empresários do setor entenderam a necessidade de adaptar seus negócios à nova realidade, que se impõe há alguns anos. "A concorrência hoje não é apenas com shoppings vizinhos, mas da própria casa do consumidor e de outras opções de lazer", disse. "Shopping hoje é ponto de encontro. É um oásis em meio ao caos e deserto urbano", comparou. 

(Estadão - Economia - Notícias - Geral - 14\04\2015)

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3 comentários:

  1. Excelente Post... vale lembrar que a crise não está apenas no mercado imobiliário e que o investimento em imóveis ainda é uma das melhores opções da atualidade. O que o investidor precisa é saber avaliar o imóvel que deseja investir.

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    Respostas
    1. O imóvel que deseja investir e o tempo que vai recuperar os investimento que, como dito, só irá melhorar em 2018.
      Se eu tivesse $ guardado, iria esperar até o fim do ano e compraria um imóvel que teve muita queda no valor esse ano. Venderia apenas depois dessa crise quando os preços começassem a subir de novo.

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  2. .
    "...tempestade perfeita para o setor".
    .
    Eu não acredito que alguém diga uma idiotice dessa em sã consciência.
    .

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