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terça-feira, 9 de junho de 2015

Estadão: Bolha, não. Poço - Crise no setor tem potencial devastador

Eduardo Zylberstajn - Pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe)

O triste é que essa crise se anunciava há tempos, mas foi empurrada com a barriga. Um mercado importantíssimo, que caminhava uma trilha natural (com seus altos e baixos), depara-­se agora com um enorme poço em sua frente, e o tombo pode ser feio

Durante anos discutiu-­se no Brasil se vivíamos uma bolha imobiliária. Quando finalmente o ‘não’ parecia virar consenso, iniciou­-se uma crise no setor que tem potencial devastador. E agora? 

O termo ‘bolha’ refere­-se, de forma pouco precisa, a uma situação onde o preço de um ativo descola­-se dos seus fundamentos. No Brasil, o preço de venda dos imóveis hoje é bem explicado pelo valor do aluguel (maior o valor do aluguel, maior o valor de venda) e pela taxa de juros (quanto maior o juro, mais atrativo é vender um imóvel para emprestar esse dinheiro; portanto, menor o preço de venda). A recessão atual contamina a renda e, portanto, o valor dos alugueis; ao mesmo tempo, os juros reais de hoje são maiores do que há um ano. Deveríamos, então, ver alguma queda do preço dos imóveis, natural do ciclo econômico e nada drástica. 

O Brasil tem uma tradição: tentamos resolver nossos problemas na canetada, sem atacar suas causas. Exemplos na história não faltam: os mais velhos lembram-­se do congelamento de preços e do confisco da poupança; os mais novos viveram o represamento dos preços administrados e a marretada na taxa Selic em 2011. 

O problema com as canetadas é que, apesar de renderem ótimos discursos, elas não funcionam. Esse último exemplo da Selic veio da avaliação (correta) de que os juros no Brasil são escandalosamente altos e inibem investimentos de longo prazo (como em infraestrutura e imóveis). Mas ao invés de atacarmos as causas (é possível, mas impopular), os governos sempre preferiram as canetadas. 

Alguém tem que perder para que outro consiga financiar a juros baixos
As canetadas de interesse desse artigo começaram a ser dadas em 1964, com a criação do SFH. Depois, vieram FGTS, SBPE e uma série de siglas e regras que mudaram ao longo do tempo, sempre com o objetivo de encontrar uma fonte de financiamento barato para o setor imobiliário. É como se os governos acreditassem que podem burlar as leis da física: se os juros são altos, alguém tem que perder para que outro consiga financiar a juros baixos. 

Atualmente, o sistema é simples: as famílias menos acostumadas com o mundo das finanças deixam dinheiro nos bancos com remuneração igual à metade da taxa Selic. Assim, os bancos têm uma fonte barata para emprestar a juros mais baixos a quem quer financiar seu imóvel com prazo longo. Em essência, esse é o mecanismo de financiamento imobiliário do país. E, claramente, há problemas com ele. 

Primeiro, o sistema dá liquidez instantânea para quem quiser sacar. Ou seja, o banco usa um dinheiro que pode evaporar da noite para o dia para dar um financiamento que dura décadas. Se o dinheiro é sacado (como vem sendo nos últimos meses), o banco necessita captar de outra fonte (mais cara) para cobrir o buraco e aí tem prejuízo (que pode ser enorme). Segundo e mais grave, o universo de brasileiros dispostos dar dinheiro de graça ao banco (afinal, a poupança vem tendo rendimento real negativo) parece que chegou ao limite. A poupança secou e em breve não haverá recursos para financiamento imobiliário às taxas com as quais nos acostumamos. Os juros para o financiamento imobiliário correm o risco de voltar para perto dos 20% ao ano, o que fará com que as parcelas do financiamento fiquem inviáveis para parte relevante da população. O preço dos imóveis cairia então significativamente, um problema seriíssimo em particular para quem comprou imóvel recentemente.

O triste é que essa crise se anunciava há tempos, mas foi empurrada com a barriga. Um mercado importantíssimo, que caminhava uma trilha natural (com seus altos e baixos), depara-­se agora com um enorme poço em sua frente, e o tombo pode ser feio. Mais desanimador ainda é ver que as ‘soluções’ que têm sido propostas não passam de novas canetadas. 

(Estadão - Notícias - Seu Imóvel - 08/06/2015)

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7 comentários:

  1. E BOLHA , E BOLHA , OBAAAAAAA.....AGORA VAI....EXPLODIR...ESPERO QUE EXPLODA LOGO E TODOS CONSIGAM COMPRAR SUA SONHADA CASA OU APE A PREÇOS JUSTOS E REIAS.
    E 380.000 ENTAO PAGO 180,000, ISSO DEVE SER UNS 80M2 MAIS OU MENOS.OU PEGA OU LARGA POIS O DINHEIRO E MEU.

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  2. Sério mesmo que isso saiu no Estadao?

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    1. economia.estadao.com.br/noticias/seu-imovel,bolha-nao-poco,1702344

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    2. Nao falei duvidando, falei dando enfase que está tao inegável que nem essa merda de jornal consegue negar

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  3. Em 2007 comprei um apartamento padrão 90m2 em uma região nobre de São Paulo por R$ 150 mil. No final de 2013, vendi o mesmo imóvel por R$ 600 mil.Em um curto espaço de tempo, cerca de 6 anos o imóvel valorizou 300%, isso é insano se compararmos a inflação acumulada no período. Atualmente o dinheiro está aplicado (renda fixa e um pouco na poupança) e me rende em média R$ 4.5 mil. Continuo morando na mesma região e pagando aluguel de R$ 2,1 mil. Em função da ganância, especulação, programas populares e excesso de crédito, houve um descompasso e preços foram para um patamar surreal. Acredito que este modelo não é sustentável o e mercado só irá se recuperar após a readequação dos preços a um patamar aceitável (realidade das famílias).

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  4. Resumindo o post acima...
    Pegamos o preço de 2009 - início do Badauê, corrigimos generosamente em 35℅ para repor a inflação do período e teremos o preço atual e justo...
    Ex: 100k viraria 135k e NÃO 350k...aloprados...
    Mas e se os potenciais compradores já se comprometeram na aquisição de algum imóvel com o financiamento suicida neste período supracitado, quer irá comprar?
    Só quem tem dinheiro pra pagar a vista o preço justo.
    Será que vão tirar o dinheiro da LCI/LCA pra comprar?
    Eu não tiraria pelos próximos 3 anos...

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    1. CONCORDO, UM CASO SERIO AQUI BRASIL,BRASILEIRO NAO "TEM RENDA" PRA ADQUIRIR "NADA" A LONGO PRAZO E REALMENTE FRISOU BEM " E UM FINANCIAMENTO/INVESTIMENTO KAMIKAZE"

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