Total de acessos

Teste

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Valor: Setor de (des)construção derruba a bolsa

De 2010 até o pregão de segunda-feira, com exceção dos papéis da Eztec, as ações de dez outras empresas acumularam perdas, com destaque para as quedas da Rossi (-98%) e PDG (-95%). Enquanto isso, o Ibovespa, referência do mercado acionário, caiu 23% no mesmo intervalo

Da ascensão à queda. É difícil olhar hoje para as empresas de construção e reconhecer o contexto atual, tão diferente de dez anos atrás, quando houve a febre de aberturas de capital na bolsa, que atraiu em peso os investidores pessoas físicas. Mesmo num período mais curto, de cinco anos, a realidade tem se provado bastante diferente das expectativas traçadas. Com o mercado antes aquecido pelas próprias condições macroeconômicas, as construtoras e incorporadoras amargam hoje um ambiente de estoques elevados, financiamento mais escasso e enfrentam um ciclo de elevação da taxa básica de juros, com a Selic bem distante do patamar de 7% visto em 2012 e 2013.

Como se não bastasse a baixa confiança do consumidor brasileiro para fazer novas aquisições de imóveis, a preocupação também recai sobre o aumento do desemprego no país, o que pode afetar ainda mais a percepção de recuperação das empresas no médio prazo. Apesar dos esforços recentes do governo para tentar estancar a crise do setor, impulsionada pelos saques líquidos da poupança, que já ultrapassam R$ 32 bilhões no ano (os recursos da aplicação são usados para financiar construção e aquisição de imóveis dentro do Sistema Financeiro de Habitação, o SFH), analistas seguem reticentes e alertam: não é hora de comprar ações de construtoras e incorporadoras.

"Ainda não conseguimos ver a luz no fim do túnel"
"Continua um cenário desafiador e ainda não conseguimos ver a luz ao fim do túnel", diz o analista Marcelo Motta, do J.P. Morgan, que se considera muito cético principalmente ao analisar os estoques e os distratos do segmento. Lucas Gregolin Dias, analista responsável pelo setor na Fator Corretora, assinala que tem mantido visão negativa principalmente por conta do enfraquecimento da demanda iniciado em 2013 e acentuado no ano passado, diante da queda da confiança do consumidor.

Em 2015, destaca, adicionou-se a piora das condições de crédito, com o esgotamento das fontes de financiamento. "O governo liberou uma parte do compulsório para tentar dar uma aliviada em termos de financiamento, mas as outras questões macroeconômicas que prejudicavam anteriormente permanecem", afirma. "Estamos negativos com o setor.

Não recomendamos entrar mesmo nas ações que têm indicação de compra", diz Dias, que avalia que o investimento só se justifica para quem já está posicionado em construção. Não bastasse a longa duração de um ciclo de construção, tida como um entrave para investidores mais imediatistas, analistas avaliam que o ajuste em curso ainda vai continuar - e não se sabe até quando. "Hoje eu prefiro esperar, não consigo vislumbrar quando o setor vai atingir um ponto de equilíbrio para voltar a crescer", diz Bruno Mendonça, analista do setor de construção da Santander Corretora. 

O analista, entretanto, espera que o ciclo de ajuste dure mais cerca de dois anos. "Talvez daqui a seis meses tenhamos uma visibilidade melhor sobre o equilíbrio do setor e algumas ações já comecem a reagir. Por enquanto, estamos no momento de ver se o poço tem porão", observa. 
De 2010 até o pregão de segunda-feira, com exceção dos papéis da Eztec, as ações de dez outras empresas acumularam perdas, com destaque para as quedas da Rossi (-98%) e PDG (-95%). Enquanto isso, o Ibovespa, referência do mercado acionário, caiu 23% no mesmo intervalo. 

Contraíram mais dívidas do que conseguiriam pagar
Há cinco anos, as ações de todas essas companhias negociavam acima do valor patrimonial. Diferentemente de sua colocação em 2010, por exemplo, os papéis da Rossi e da PDG têm hoje os menores múltiplos do setor, ou seja, poderiam sugerir que estão baratos em bolsa. Mas essa não é a percepção de analistas, que colocam as empresas no grupo dos piores investimentos. O J.P. Morgan tem recomendação de venda para as duas companhias. Preocupado com o nível de alavancagem, Motta assinala que ambas contraíram mais dívidas do que conseguiriam pagar. "A PDG chegou a lançar R$ 9 bilhões em 2011, contra R$ 1,4 bilhão em 2014. Hoje, está mais na casa dos R$ 2 bilhões, uma retração de quase cinco vezes no volume", frisa Paola, da Citi Corretora. De 2010 para 2014, a alavancagem, medida pela proporção da dívida líquida sobre o patrimônio líquido, das duas empresas praticamente dobrou, atingindo 129,1%, no caso da PDG, e 105,7%, no da Rossi. Ao fim do primeiro trimestre deste ano, além dessas companhias, apenas Tecnisa continuava com alavancagem acima de 100%.

Na avaliação do analista da Fator, as três empresas passam pela situação mais complicada em termos de alavancagem, estoque e distratos. 

Para o setor de construção voltar a ficar atrativo, o analista destaca que é preciso haver uma mudança principalmente na confiança do consumidor, para levar a uma recuperação na velocidade de vendas.

(Valor Online - Finanças - 10/06/2015)

VEJA VÍDEOS SOBRE O ASSUNTO AQUI NO BLOG OU PELO LINK

4 comentários:

  1. Essa luz no fim do túnel será um trem !

    ResponderExcluir
  2. Acabei de entrar no zap e não vi nada barato na Tijuca os preços continua o mesmo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não viu porque não quis...olha aí o post do dia 02 de abril: IMÓVEIS TÊM QUEDA REAL DE PREÇOS PELO 5º MÊS SEGUIDO (http://observadordomercado.blogspot.com.br/2015/04/portal-terra-imoveis-tem-queda-real-de.html)...e quem afirmou foi o próprio FipeZap, que pesquisa preços anunciados (não os negociados com generosos descontos)...assim, larga mão de ser besta e vê se muda de profissão, senão ...

      Excluir
  3. CONFIANÇA, ESTANDO ENDIVIDADOS , DESEMPREGADOS E SUJEITO AO DESEMPREGO E DIFICIL HEIN....PAIS ESTA SUCATEADO ECONOMICAMENTE.PERDEU PODER DE COMPRA VIA CREDITO,POIS RENDA NUNCA TIVEREM MESMO, E PENSAVAM QUE ERA "CRASSE MERDIA".POVO INGENUO ,QUE FOI NA CONVERSA DO MULUSKO SE LASCARAM.A TETA SECOU. E SE DER PRA SOBREVIVER COM "FUBÁ COM OVO", ESTA DE BOM TAMANHO.RESUMINDO: PT ACABOU COM O PAIS E ISSO E FATO.

    ResponderExcluir