“Agora o cenário é outro. Esta é a maior crise que conheci em 35 anos de experiência”, diz. Nos últimos meses, o empresário precisou dispensar 800 corretores, fechar cinco filiais e viu seu faturamento despencar 70% [...] Com imóveis sobrando e preços em queda, a crise no setor vai desenhando um panorama desolador nas novas fronteiras imobiliárias da cidade [...] Numa atitude impensável em outros tempos, várias empresas também acenam com descontos de até 50%, como a Even
Mais ambicioso empreendimento imobiliário em construção no Rio, o
complexo Ilha Pura deve ser entregue em fevereiro de 2016. O projeto ostenta 31
torres divididas em sete condomínios e erguidas ao custo de 2,4 bilhões de
reais. Desde o início, o
objetivo do consórcio formado pelas construtoras Carvalho Hosken e Odebrecht
foi erguer no Rio o mais luxuoso alojamento esportivo já visto na história dos
Jogos. Há exatamente um ano,
parte dos imóveis foi lançada com preços que vão de 750 000 a 3 milhões de
reais. Para seduzir os clientes, as construtoras gastaram 40 milhões de reais
em um gigantesco estande de vendas, onde se instalou a maior maquete já vista
na cidade. O investimento, porém, tornou ainda mais amargo o fracasso comercial
do projeto. De um total de 3 604 apartamentos, 600 foram ofertados, mas apenas
230 foram efetivamente vendidos no primeiro ano. “Isso é coisa nenhuma, não
representa nem 10% do negócio”, lamenta Carlos Fernando de Carvalho, dono da
Carvalho Hosken. “Estávamos prontos para lançar tudo, mas não adianta. Faltam
compradores”, completa ele. As duas empresas estão preparadas para o pior: se
até 2018 os negócios não evoluírem, os apartamentos serão destinados à locação,
uma operação pouco usual em empreendimentos de tal porte e ambição.
Maior crise em 35 anos
O revés sofrido pelo complexo de Jacarepaguá é um retrato emblemático da
tormenta que assola o mercado imobiliário carioca. Depois de um período de
euforia sem precedentes e preços estratosféricos, o setor sofreu um violento
baque. Em todo o Rio, especialistas calculam que há mais de 20 000 unidades
recém-construídas à espera de donos. Só a Cyrela, construtora líder no país,
tem o equivalente a 1,5 bilhão de reais em estoque de imóveis na cidade. “O
segmento foi atingido em cheio pela crise econômica e política do país. As
pessoas estão temerosas de fazer investimentos”, avalia Leonardo Schneider,
vice-presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-Rio). A valorização
desenfreada, vista em bairros como o Leblon, onde apartamentos tiveram seu
preço até quintuplicado entre 2009 e 2013, é coisa do passado. A tendência
agora é que os valores sofram queda, diante do sumiço dos
compradores. Para efeito de comparação, enquanto a Ilha Pura continua com suas
unidades encalhadas, um projeto similar, o da Vila do Pan, lançado em 2005,
vendeu todos os seus 1 480 apartamentos em apenas seis horas. Tal feito levou
Rubem Vasconcelos, presidente da Patrimóvel, a maior imobiliária do Rio, a
figurar no Guinness Book, o livro dos recordes. “Agora o cenário é outro. Esta
é a maior crise que conheci em 35 anos de experiência”, diz. Nos últimos meses,
o empresário precisou dispensar 800 corretores, fechar cinco filiais e viu seu
faturamento despencar 70%.
Panorama desolador
Com imóveis sobrando e preços em queda, a crise no setor vai desenhando
um panorama desolador nas novas fronteiras imobiliárias da cidade. Áreas que
vinham crescendo e se desenvolvendo rapidamente, embaladas pelos novos
condomínios, começam a ter lançamentos adiados indefinidamente. “Sabemos que estamos
no meio de um furacão, mas não temos a menor ideia de quanto tempo isso pode
durar. Só retomaremos esses lançamentos quando percebermos sinais de melhora no
mercado”, diz Rogério Jonas Zylbersztajn, vice-presidente da RJZ Cyrela. A
situação é tão crítica que as construtoras nem estão tão preocupadas com
problemas como inadimplência, que sempre crescem nessas ocasiões. O que elas
temem mesmo é o fantasma do chamado distrato. Embora não haja dados oficiais,
as empresas já registram um sensível aumento no número de clientes que estão
rescindindo contratos - e retomando parte do que pagaram. Foi o que fez o
advogado Marco Cerva, 47 anos. Depois de assinar a promessa de compra e venda
com a Construtora Breogan e dar 17 mil reais de sinal em um sonhado apartamento
de três quartos no Méier, ele decidiu voltar atrás. “O financiamento que o
banco me concedeu era pior do que o prometido pela construtora. Tive receio de
arcar com prestações altas e a crise piorar”, relata.
Feirões, saldões, IPTU até 2020, viagens e descontos de 50%
Em um simples passeio por alguns bairros no fim de semana é possível ver
junto a sinais de trânsito, onde chovem folhetos de construtoras, o esforço
hercúleo para reverter o cenário. Há anúncios de feirões, saldões e todo tipo
de oferta. A Gafisa, por exemplo, fez uma campanha em que arcava, até 2020, com
IPTU e condomínio das unidades residenciais vendidas. Passagens aéreas para os
Estados Unidos foram atrativos oferecidos pela Brookfield aos compradores de um
de seus empreendimentos. Numa atitude impensável em outros tempos, várias
empresas também acenam com descontos de até 50%, como a Even. Foi diante de
apelos como esse que a dentista Angélica Mendes, 38 anos, encontrou uma
oportunidade única. Ela adquiriu um três-quartos no Recreio que custava 800 mil reais por 530 mil. “Vinha adiando a compra por causa dos preços, mas agora a
situação está favorável ao comprador”, diz. Ao fechar o negócio, ela conseguiu
ainda que a construtora João Fortes instalasse os armários da cozinha e pagasse
um ano de TV a cabo na nova casa. “No momento em que as pessoas temem se
endividar, as empresas precisam fazer concessões. Aí, quem pode mais oferece
mais para alavancar as vendas”, diz João Paulo Matos, presidente da Associação
de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi). Como diretor da
Construtora Calçada, Matos lançou mão de estratégias como dar aos compradores
carros populares, eletrodomésticos de linha branca e até pagar por eles as dez
primeiras prestações de um novo financiamento.
A conjunção de fatores que ajudou o Rio a ser catapultado à posição de
uma das cidades mais caras para morar no planeta, com transações que
desbancavam as de metrópoles como Xangai e Hong Kong, já não existe mais. O
entusiasmo com o pré-sal, a euforia do consumo desenfreado, do pleno emprego e
do Brasil como potência emergente são meras lembranças em meio à enrascada
econômica em que estamos metidos hoje. Quase ao mesmo tempo que o país teve o
seu grau de investimento rebaixado, os juros da casa própria subiram pela
terceira vez neste no ano — as taxas chegam a 14% — e os bancos se tornaram
mais restritivos. Os investidores, que buscavam ganhos imediatos, sumiram. E
áreas tidas como a menina dos olhos da corrida imobiliária, como a Zona
Portuária, enfrentam a estagnação. Primeiro edifício empresarial a ser erguido
no Porto Maravilha, o Port Corporate Tower, com 22 andares, foi inaugurado em
novembro de 2014. Quase um ano depois, o prédio, com o selo da empresa
americana Tishman Speyer e que custou 300 milhões de reais, continua com a
maioria das salas vazia. Dois outros grandiosos projetos, com lançamento
previsto para agora, ainda não saíram do papel: o hotel Holiday Inn Porto
Maravilha, empreendimento da Odebrecht com 32 pavimentos, e as Trump Towers,
complexo de seis torres e cinquenta andares que tem à frente o bilionário
americano Donald Trump. “O projeto do Porto já era de médio e longo prazos, mas
por causa da recessão vai demorar um pouco mais”, prevê Leonardo Schneider, do
Secovi-Rio.
(Revista Veja Rio - Matéria - Cidade - 16/10/2015)
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Para vender devem baixar os preços. Simples assim.
ResponderExcluirE não dar a oferta maquiada de 50% de desconto no dobro do preço.
Já auferiram ganhos astronômicos nos últimos 10 anos, agora devem "devolver" um pouco dos ganhos para manter o mercado girando. Ou irão repetir a burrice imobiliária de Portugal e Espanha, onde a ganância paralisou o mercado, e as perdas foram gigantescas.
...meio de um furacão...
ResponderExcluirLastimável, colocações atemporais e equivocadas como esta arrasta mais e mais desinformados ao precipício...
Readequando:
...início de um furacão..., onde no fim de 2016 entraremos na fase " DESPAIR".
Assim fica mais realista.
Olha o desespero!
ResponderExcluirhttp://odia.ig.com.br/noticia/economia/2015-10-22/feirao-vai-aceitar-carro-como-entrada-para-a-casa-propria.html
Muita hora nessa calma!
ResponderExcluirA piora está apenas no começo. Teremos apartamentos a preço de 1 dolar como na Espanha!
Aguardem os bancos começarem a expulsar dos apartamentos para retomar o imóvel e detalhe a divida não para só porque foi retomado.
Agora é só colocar uma rosa na mão, dá um beijo no defunto e fechar o caixão. Acoboooou, acabouuu é bolhaaa é bolhaaaaa. Me recordo dos sorrisinhos de canto de boca dos corvos e de parentes meus, quando a três anos atrás eu já falava em queda de preços. Outubro/2014 em Rios das ostras-RJ em conversa com minha sogra: Essa casa aqui ao lado meu genro, está à venda 450 mil, dois quartos e terreno 10x20. Falei que estava absurdamente cara e que não conseguiria vender, olhares do tipo: Esse cara não sabe nada. Outubro/2015 ainda não vendeu e nem alugou, baixou para 200 mil e não vende. Fatoooo!!!!
ResponderExcluirVc que sabe tudo, Que prevê o futuro, pelo menos da economia, deve ser milionário né?
ExcluirOu vai dizer que não aproveitou a hora de comprar e acertou a hora de vender?
kkkkkk
Cheio dessas conversinhas na internet. Incrível como a pessoa sempre disse o que iria acontecer, mas não aproveita a situação.
kkkkkkkkkk
Concordo. Adivinhar o passado é fácil.
ExcluirSeguindo este raciocínio de vcs dois q responderam, coitado do Robert Shiller na mãos de vcs. No minimo vcs devem ser, ou corvos, ou endividados, ou não estão ganhando com os juros, ou desempregados, ou tudo ao mesmo tempo. É chato lhe dar com pessoas que só começam acompanhar algum assunto quando passa no Jornal Nacional ou quem sabe no programa do Ratinho, não pelo nivel da resposta deve ser no ESQUENTA da Regina Casé. KKKKKKKKKKKKK Saiam da rede social com informações fúteis e venha para um mundo dos bem informados.
ExcluirEm relação à adivinhar o passado, vc acompanha este blog a quanto tempo? Se tem pouco tempo tb irá acusa-lo de prever o passado. Dica: Assista o Jornal da Cultura das 21:00 as 22:00 na TV Cultura canal 160 Sky lá tb se adivinha o passado, ou continue nas novelas e durinho da Silva kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ExcluirSou o anônimo 15//;19 e acompanho isso aqui desde a fundação. Inclusive o bolha imobiliaria. Ambos são cheios de analistas de retrovisor que não aproveitaram a hora de comprar e de vender, mas vivem dizendo que sabiam que os preços iriam cair.
Excluirkkkkkkkkk
Pura comedia.
Todo mercado é assim. Sobe e desce. Me diga um mercado que só sobe e eu concordo que estou errado.
Só rindo!
Anônimo (17:11), para não esnobar, citarei alguns mercados que só "sobem" (infelizmente): O mercado da droga (tráfico e consumo), de armas... Então, meu caro desavisado, aguardo o seu "ESTOU ERRADO". Estamos esperando, hein!
ExcluirO e-commerce também só cresceu desde q foi criado, quando cair aviso o Sr. ESTOU ERRADO.
ExcluirAnônimo 8:28 comprei petro a 8,00 e vendi a 14,00 , sendo que chegou a 15,00. Quase 100% de lucro. Agora eu te pergunto o jornal da cultura te avisou? Kk fica assistindo TV e lendo comentário na internet que tu vai longe. Oportunidade e prejuízo sempre caminham juntos. Enquanto tem gente perdendo dinheiro, tem gente ganhando também.
ExcluirCrise neles só assim esses corvos malditos tomam vergonha na cara e abaixam o valor dos imóveis.
ResponderExcluirSIMPLESMENTE : CATASTROFICO O SETOR IMOBILIARIO,FALENCIA GERAL DESSAS DESTRUTORAS JUNTO COM QUEM ADQUIRIU A PRAZO LONGOS......QUE ROUBADA HEIN......NEM BAIXANDO VENDE ,"E O MEDO"?
ResponderExcluirLEMBRANDO QUE: O FURAÇAO NEM COMEÇOU AINDA.....
ResponderExcluirE em São Paulo como o mercado está? No Rio tinha a grande expectativa sobre o pré-sal. O mercado imobiliário em Santos também sofreu dessa expectativa com o pré-sal e a Petrobras, pois tinha muito santista pensando que o pré-sal estava na frente de santos.
ResponderExcluirO pior de tudo é que de 2012 para cá muita gente adquiriu imóvel com juros alto e com 30 anos de financiamento/ dívida....conheço pessoas q estão pagando imóveis a 3 anos e já não conseguem arcar com as parcelas....imagina q só faltam 27 anos....e sem garantia de emprego!!
ResponderExcluirTenho observado a abertura de vários cubículos com imobiliárias novas, de apenas um corretor, em alguns municípios do Rio. Vale dizer que é um fenômeno contrário ao que se podia observar a 3 ou 4 anos atrás, quando o que ocorria era a fusão de imobiliárias pequenas com outras maiores. Realmente, o cenário parece ser catastrófico. O ruim é que a teimosia das empreiteiras e donos de imóveis "espertinhos" continua. Vamos ver até quando eles vão conseguir segurar preços.
ResponderExcluirNao estao segurando nao,esta na espera de algum milagre economico ou comprador otario Quem tem LTNs tesouro direto etc,fiquem espertos,ouvi dizer que podera ter calote por parte do desgoverno.pois esta falido.
ExcluirAonde vender esse monte de POMBAIS? BOLHUDOS ONDE O M2 DE 5 A 10 MIL.....NUNCA....QUEBRADEIRA TOTAL A VISTA DE QUEM TEM UM MONTE DE BOLHUDOS E QUEM COMPROU OS BOLHUDOS......TALVEZ O COMEÇAR DO ZERO SERA UMA BOA ALTERANTIVA, ALIAS ; SO TEM ESSA ALTERANTIVA MESMO NE. MAIOR VARGA TRIBUTARIO DO MUNDO NUM PAIS FALIDO,TUDO A VER COM A VENEZUELA ,SO QUE A TRAGEDIA SERA MAIOR AINDA.
São os corretores demitidos que estão tentando fazer carreira, mas logo descubrirão que não têm capital para se sustentar nessa crise que perdurará por anos - ao menos até 2018.
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