Além de enfraquecer a demanda, juros maiores têm assombrado construtoras e incorporadoras com o aumento dos distratos, quando os candidatos a mutuários desistem do contrato de financiamento
A expectativa de manutenção da Selic em dois dígitos pelo menos até 2020
deve segurar o ímpeto do financiamento imobiliário no Brasil nos próximos anos,
tanto pelo menor volume de recursos da poupança quanto de instrumentos de
mercado, segundo especialistas.
"O ponto de equilíbrio no empréstimo imobiliário é em nível um pouco
inferior ao atual, dados os níveis de juros", disse o presidente da
Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip)
e diretor de crédito imobiliário do Santander Brasil, Gilberto Duarte.
No ano passado, o volume desembolsado pelos bancos para compra de imóveis
pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), maior fonte de
recursos para o setor, caiu 33 por cento, a 75,6 bilhões de reais. A previsão
da entidade é que esse montante caia para 60 bilhões de reais neste ano e recue
para 50 bilhões em 2017. Isso significaria voltar a níveis anteriores a 2010.
Para Duarte, esse quadro reflete em parte os sucessivos resgates na poupança.
Segundo o Banco Central, a caderneta teve saída líquida de 24 bilhões de reais
no primeiro trimestre. Isso após resgates de 53,6 bilhões de reais em 2015.
Falta de competitividade
O movimento segue-se ao aumento da Selic desde 2013, que passou da mínima
histórica de 7,25 por cento para os atuais 14,25 por cento ao ano. A Selic é
uma referência de remuneração para títulos públicos pós-fixados. A poupança
oferece 6 por cento ao ano, acrescida de TR.
Para o presidente da Abecip e diretor do Santander Brasil, a poupança só voltará
a ser um investimento competitivo quando a Selic cair para próximo de 10 por
cento ao ano. A leitura é que, mesmo com rentabilidade ainda menor, a poupança
voltaria a atrair captações, dado que a rentabilidade é isenta de Imposto de
Renda.
Pelas projeções mais recentes do mercado colhidas pelo Banco Central no
Boletim Focus, a Selic começará um ciclo de queda ainda neste ano, chegando a
dezembro em 13,75 por cento. Mas daí em diante, o ritmo de queda será muito
suave, caindo para 11 por cento até o fim de 2019 e, para 10,5 por cento em
2020.
De acordo com Teotônio Rezende, diretor de habitação da Caixa Econômica
Federal, maior concessora de empréstimo habitacional do país, o mesmo
raciocínio vale para instrumentos de captação de recursos no mercado, que
também precisariam oferecer rentabilidades atrativas.
"Enquanto a Selic não voltar a um dígito, o ritmo do mercado não
volta a acelerar", disse Rezende.
A própria Caixa tem sido obrigada a lastrear parte dos empréstimos feitos
para o setor em papéis de mercado, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI),
que têm custo maior, o que tem pressionado suas margens operacionais.
Em relatório emitido na véspera, a agência de classificação de risco de
crédito Fitch afirmou que a Caixa já viu suas despesas de provisionamento
ultrapassarem o lucro operacional em 2015, o que provocou um prejuízo
operacional.
Juros e distratos maiores
Além de enfraquecer a demanda, juros maiores têm assombrado construtoras e
incorporadoras com o aumento dos distratos, quando os candidatos a mutuários
desistem do contrato de financiamento.
Um levantamento da Abrainc, que representa incorporadoras, em conjunto com
a Fipe, mostrou que o total de distratos no último trimestre de 2015 subiu
cerca de 20 por cento sobre um ano antes, movimento motivado em parte por juros
mais altos.
Segundo o sócio da construtora Plano & Plano, Rodrigo Luna, juros
maiores podem comprometer inclusive as operações dentro do programa
habitacional federal Minha Casa, Minha Vida. Mesmo financiado com recursos do
FGTS, que tem custo de 3 por cento ao ano, a terceira fase do programa, lançado
no mês passado, tem taxas de juros maiores para os tomadores.
"Isso vai dificultar o acesso ao programa e reduzir o número de
contratações", afirmou Luna em evento nesta semana.
(Portal Terra - Economia - 15/04/2016)
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"A expectativa de manutenção da Selic em dois dígitos pelo menos até 2020(ou seja depressao ate 2020) deve segurar o ímpeto do financiamento imobiliário no Brasil nos próximos ANOS, tanto pelo menor volume de recursos da poupança quanto de instrumentos de mercado, segundo especialistas."
ResponderExcluirCom a palavras os "corvos" de planton.....kkkk Adeus fubazinho...
Qual a finalidade do seu comentário?
ExcluirCabecinha pequena hein!
O amigo deu adeus as corvos. Vao tarde!!!!
ExcluirJa falei aqui....nao precisamos de intermediarios atravessadores q encarecem o bem.
A justiça tarda mas não falha...
ResponderExcluirBye bye especuladores...
2018? Diria 2028 pelos menos
ResponderExcluirEssa projeção está muito pessimista... O mercado imobiliário só ficará em baixa enquanto a economia estiver sob o efeito do processo recessivo atual. 2018, no máximo! E sem a necessidade de intervenção do estado...
ResponderExcluir...processo recessivo...2018!!!!
ResponderExcluirVC não tava por aqui nos anos 80 né???
1 ano e meio e tudo volta ao normal????
Estamos em crise desde 2018. Justamente por causa da década de 80, as pessoas não acreditam mais em soluções mágicas e o PT deixará o poder (pela porta dos fundos...).
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