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quarta-feira, 28 de junho de 2017

Valor: Queda na venda de cimento poderá ser ainda maior. Mercado imobiliário é a principal razão

A redução da demanda por cimento para edificações residenciais, comerciais e industriais - o chamado mercado imobiliário - é a principal razão que tem puxado a redução do consumo. [...] Na prática, este será o terceiro ano consecutivo de retração do setor. Mas tudo caminha para a indústria do cimento local completar quatro anos seguidos de anemia

A crise econômica do país atingiu em cheio a indústria de cimento, e as incertezas decorrentes da turbulência política acentuaram ainda mais o desempenho negativo das fabricantes instaladas no Brasil. Neste cenário, o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC) acaba de revisar a projeção para as vendas internas do insumo neste ano. A entidade, que esperava queda de 5% a 7% na comercialização de cimento, alargou o intervalo de retração previsto, para de 5% a 9%, informou ao Valor o presidente do SNIC, Paulo Camillo Penna.

Com isso, a retração média do consumo nacional será de 7% na comparação com 2016. Para o próximo ano, a expectativa da entidade é que os volumes comercializados fiquem estáveis ou cresçam 0,5%, no máximo. O parque fabril cimenteiro está com 45% de ociosidade, bem acima da média da indústria brasileira, em torno de 25% atualmente.

Dependendo de como evoluir a crise do país, admite Penna, o nível de ociosidade poderá fechar este ano com 47% ou até alcançar metade do total da capacidade instalada, de 100 milhões de toneladas por ano. De janeiro a maio, as vendas de cimento tiveram queda de 8,9%, ante a retração do setor de materiais de construção de 7% no mesmo período.

"Não acredito que vamos pintar nosso balanço de azul em 2018. Sairemos do vermelho para um ano neutro", diz o presidente do SNIC. Ainda é cedo para se falar quando ocorrerá a retomada do setor, segundo Penna. "Vamos ver o que acontece até 2019", acrescenta o representante do setor.

A redução média projetada para 2017 é inferior à queda de 11,9% registrada no ano passado e ao recuo de 9,5% ocorrido em 2015 na comparação com 2014, último ano de crescimento. Na prática, este será o terceiro ano consecutivo de retração do setor. Mas tudo caminha para a indústria do cimento local completar quatro anos seguidos de anemia.

Penna ressalta que, diante das quedas sucessivas do setor de cimento, o fornecimento do insumo pode ser um gargalo quando um novo ciclo de desenvolvimento ocorrer no país. "Esta é a crise mais grave da nossa história. E a recuperação será lenta, bem lenta", observa o executivo, que assumiu o cargo em janeiro.

A redução da demanda por cimento para edificações residenciais, comerciais e industriais - o chamado mercado imobiliário - é a principal razão que tem puxado a redução do consumo. Houve queda também nas vendas para o varejo e para a infraestrutura. Penna defende que haja estímulo do uso de cimento em obras públicas e de concreto em casas populares. "Estamos em contato com governos das esferas federal, estadual e municipal para discutir ações que ajudem a elevar a demanda pelo produto", disse.

Na fase de maior expansão da demanda, o consumo de cimento por edificações chegou a 75%, enquanto a infraestrutura respondeu pelos demais 25%. Esses números mudaram com a crise, e a fatia de edificações diminuiu, e o consumo pulverizado para reformas ganhou participação.

Por outro lado, fatores como a continuidade do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida e os recursos do Construcard - linha de crédito destinada à compra de materiais de construção - contribuem para "suavizar a queda" do consumo de cimento neste ano em relação à registrada em 2016, segundo o presidente do SNIC.

Expectativas
No ano passado, o consumo aparente de cimento do país foi de 57,24 milhões de toneladas. A expectativa para 2017 é de 53 milhões de toneladas, conforme os mais recentes cálculos do SNIC.

No período de 2004 a 2014 - que abrange a era de exuberância vivida pela indústria -, o setor viveu forte expansão, com construção de 42 novas fábricas para atender à expansão, sem precedentes, do mercado imobiliário e de obras para infraestrutura. A produção da indústria cimenteira mais do que dobrou, passando de 31 milhões de toneladas para o volume recorde de 71 milhões de toneladas, e a capacidade instalada cresceu de 63 milhões de toneladas para 100 milhões de toneladas. Outras 13 fábricas foram concluídas entre 2014 e 2016, após o período de crescimento do consumo.

Como consequência da redução da demanda por cimento, unidades inteiras foram fechadas, e houve suspensão da produção de fornos. "Várias das empresas que construíram novas fábricas ou fizeram novas linhas de produção estão com unidades paralisadas", informa o executivo. Penna diz que a perda quando um forno é desligado chega a R$ 12 milhões. Nesse cenário, a queima de capital do setor é enorme. Em uma década, foram investidos R$ 15 bilhões na expansão do parque fabril com o objetivo de atender ao aumento do consumo de cimento no país.

O presidente do SNIC ressalta que, apesar da fase de retração vivida pelo setor, a indústria brasileira de cimento é uma das mais eficientes do mundo. Em setembro, a entidade concluirá estudo sobre mapeamento tecnológico do setor, no qual projetará metas de emissões para 2030 e 2050. A intenção é que o uso de resíduos como fontes alternativas de energia passe dos 16% atuais para 35%, em 2030, e para 55%, em 2050.

O SNIC - que reúne dez indústrias, responsáveis por 75% da produção nacional - tem buscado integração estratégica com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), entidade que tem papel mais técnico. "Não acredito em uma entidade que não integre as cadeias produtivas", diz Penna.

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(Valor Online - Empresas - 27/06/2017)

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2 comentários:

  1. Esse é um termômetro interessante para os 'especialistas' levarem em consideração: quedas consecutivas nas vendas de cimento.
    Levando em consideração que os preços não estão caros, tem depósito aqui no Rio que vc acha o saco de 50kg por R$14,90.
    O que encarece os preços e por conseguinte, inflaciona os preços dos imóveis são os corvos. Se ser corvo fosse uma profissão séria, eles teriam formação técnica para fazer avaliações dentro de um preço real, não queremos de graça, mas também, não dá para aceitar o metro quadrado por R$10.000,00, ou seja, apartamento de 40 M² por R$400.000,00, fim do mundo.
    Os corvos deveriam ter uma tabela técnica científica, levando em conta o IDH da cidade, estrutura do imóvel, etc.
    Se não aceitarem essas mudanças, infelizmente, a crise vai se estender até o dia em que caírem na real.

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  2. A Queda na venda do cimento é apenas um item dentro da cadeia de suprimentos da indústria da construção, mas insistem nesse mercado saturado de imóveis residenciais, quando investirem em infraestrutura do país terão obras eternas e não apenas por pequenos períodos,se continuarem com essa mentalidade vão cair a 80% de ociosidade e não estabilização como esperam.

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