Para se ter uma ideia do tombo vivido pelo mercado imobiliário carioca, levantamento mostra que o número de unidades residenciais lançadas na cidade caiu de 15.859 em 2012 para menos da metade disso, ou 7.329 no ano passado. Os números do primeiro semestre de 2017 mostram um aprofundamento da crise
As recentes cenas de violência e de Exército nas ruas vistas no Rio de
Janeiro nas últimas semanas podem atrasar ainda mais a recuperação de um
mercado imobiliário carioca que enfrenta forte período de desaquecimento. A
visão de especialistas do setor é de que, por enquanto, essa baixa do mercado
tem ligação maior com a crise econômica do Estado do que com a violência
desencadeada desde a derrocada dos projetos das Unidades de Polícia
Pacificadora (UPPs). Mas o receio é que esses conflitos recentes possam afastar
ainda mais o ponto de recuperação.
Para se ter uma ideia do tombo vivido pelo mercado imobiliário carioca, levantamento
feito pela Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio
de Janeiro (Ademi-RJ) mostra que o número de unidades residenciais lançadas na
cidade caiu de 15.859 em 2012 para menos da metade disso, ou 7.329 no ano
passado. Os números do primeiro semestre de 2017 mostram um aprofundamento da
crise. Entre janeiro e junho foram lançadas apenas 1.989 unidades residenciais
na segunda maior cidade do país. Na Zona Sul, área mais nobre, foram só 58
unidades lançadas nos primeiros seis meses deste ano, contra 268 em todo o ano
passado.
"Se pensarmos em terrenos, em São Conrado não tem nada de novo que
esteja sendo feito. Tijuca e Vila Isabel, que têm comunidades com índices altos
de violência, o volume de construções é diminuto", frisa Roberto Lira,
consultor técnico do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do
Rio de Janeiro (Sinduscon-RJ).
Mercado carioca não é diferente do resto do Brasil
Segundo ele, o atual momento do mercado carioca "não é diferente do
resto do Brasil, mas com uma condição específica por causa da situação econômica
do Estado". Lira ressalta que a história de conflagração na cidade "é
antiga", inclusive com períodos de turbulência iguais ou piores que o
atual. "O construtor já está acostumado e foge de terrenos em áreas mais conflagradas.
Já há um histórico que faz o incorporador se vacinar conta essas regiões",
diz Lira. "Mas a cidade ainda tem alguns oásis de relativa tranquilidade
que, se bem trabalhados, podem ser bem vendidos, como Barra da Tijuca [na Zona Oeste]
e Leblon [na Zona Sul]", acrescenta.
Cláudio Hermolin, presidente da Ademi-RJ, lembra que o mercado imobiliário
trabalha com um produto de alto valor agregado e que demanda um alto
comprometimento da renda. Logo, para tomar a decisão de investir em um imóvel,
o comprador "precisa enxergar um horizonte propício". "Quando
você vê o Estado do Rio como está, falido e com falta de recursos para
investir, não se enxerga um horizonte que crie condições para as pessoas adquirirem
um imóvel na cidade", diz Hermolin, lembrando que a segurança é um item
fundamental na decisão de compra de imóvel na capital fluminense.
O presidente da Ademi-RJ destaca que Estados com uma melhor situação
econômica já estão com um mercado novamente aquecido depois do tombo geral
provocado nos últimos anos de recessão. Ele cita São Paulo e as cidades do
interior paulista como sinônimo dessa retomada e coloca o Rio no extremo
oposto, em uma crise econômica não resolvida, com o requinte de salários atrasados
e até um desalinhamento entre a Secretaria de Segurança Pública do Estado e o
Ministério da Defesa sobre a atuação das tropas federais. "Em um momento
como esse, com a escalada da violência e das incertezas econômicas e políticas,
o mercado entra em estado de alerta. E a saída da inércia de alerta para um
momento de euforia leva tempo", explica, ponderando que o mercado
imobiliário demora a mudar de rumo caso não receba sinais consistentes de melhoria
no cenário econômico.
"Para o mercado imobiliário [no Rio], 2017 já acabou. Os lançamentos
são pontuais. Comparados ao passado, os números são irrisórios. Agora o mercado
passa a olhar para 2018 e precisa de um horizonte de melhora. Qual o plano para
depois da saída do Exército e da Força Nacional? O mercado precisa enxergar uma
saída", diz Hermolin.
(Valor Online - Empresas - 06/10/2017)
VEJA VÍDEOS SOBRE O ASSUNTO AQUI NO BLOG OU PELO LINK
Corta prá nós:Falêcia bananense que se avizinha:
ResponderExcluirhttp://www.valor.com.br/financas/5149464/projeto-preve-participacao-do-tesouro-em-socorro-bancos