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segunda-feira, 12 de março de 2018

O Tempo: Além da empresa, dono de construtora também pode responder por atrasos


Em janeiro deste ano, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais acatou um pedido de medidas cautelares contra os proprietários da construtora, e não somente contra a empresa. [...] Segundo o recurso do MP, os crimes em questão são contra as relações de consumo, contra a economia popular, apropriação indébita, estelionato e disposição de coisa alheia, entre outros

Em 2010, no embalo da demanda criada pela Copa do Mundo no Brasil, investir em um quarto de hotel parecia um ótimo negócio. Pensando no retorno que teria, Marco Antônio Cenucci Di Spirito comprou, na planta, uma unidade em um dos 73 hotéis que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) licenciou. Desses, 35 começaram as obras e apenas 22 foram entregues no prazo combinado, que era até 2014. Mas o de Spirito não estava entre eles e, hoje, ele briga na Justiça contra os construtores, na tentativa de receber de volta o dinheiro investido. Em janeiro deste ano, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais acatou um pedido de medidas cautelares contra os proprietários da construtora, e não somente contra a empresa. Segundo especialistas, a decisão pode abrir precedente para proteger mais os consumidores dos atrasos nas obras.

O Ministério Público (MP) requereu à Justiça algumas medidas, como a entrega dos passaportes e a proibição de os empresários se ausentarem da comarca. Ainda não existe uma ação coletiva, mas o MP aguarda investigações para apresentar denúncia. Segundo a promotora de Defesa do Consumidor da área Criminal, Thais de Oliveira Leite, já existem provas de autoria e materialidade, visto que os investidores deveriam ter recebido as unidades há quatro anos.

Segundo o recurso do MP, os crimes em questão são contra as relações de consumo, contra a economia popular, apropriação indébita, estelionato e disposição de coisa alheia, entre outros. “Essa decisão pode abrir um grande precedente em defesa do consumidor lesado com obras atrasadas. Normalmente, só as construtoras são alvo das ações. Mas se houver responsabilização também das pessoas físicas, a proteção vai ficar maior”, afirma o presidente da comissão de direito imobiliário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), Kênio Pereira.

Conforme ele, quando o comprador desiste do negócio, ele tem que pagar uma multa para a construtora. “Mas quando acontece o contrário, nem sempre a empresa tem que pagar uma multa. Muitas construtoras nem colocam isso no contrato, que fica desequilibrado”, comenta o advogado.

Spirito entrou na Justiça apenas contra a construtora. “Estou pedindo devolução do dinheiro pago, mais danos morais. Ganhei em primeira e segunda instâncias. Eles recorreram e está em Brasília”, conta. Por meio de nota, a construtora Maio explica que o atraso é em decorrência da crise econômica. Explica que tem realizado todos os esforços para proteger o patrimônio dos investidores e anuncia que as obras do hotel, localizado no bairro Santo Antônio, estão em fase avançada e o empreendimento deve ser concluído em menos de 12 meses. Sobre as medidas cautelares, afirma que o jurídico da empresa está tomando as providências.

A advogada Marilene Bernadete do Carmo também está na Justiça para receber de volta o que investiu na compra de uma unidade em outro hotel, localizado na avenida do Contorno com rua Rio de Janeiro. “Investi para ter um rendimento e o prometido era pelo menos R$ 4.000 por mês. Tinha que ter ficado pronto na Copa de 2014, mas não entregaram. Fiquei muito frustrada, pois não tive o rendimento esperado e nem o dinheiro, que poderia ter aplicado em outro negócio”, lamenta.

O diretor de engenharia do grupo Multipar, Rogério Giannetti, responsável pelo hotel citado por Marilene, explica que o atraso na entrega aconteceu devido a problemas com fornecedores, que faliram em 2014. E também devido à crise. Ele afirma ainda que a maioria dos distratos foi feita por meio de acordos e anuncia nova data para inauguração. “A obra já está 98% pronta. Devemos ter o habite-se até o primeiro semestre e finalizar a decoração até o fim do segundo semestre”, garante Giannetti.

Nova data
Em 2011, Roberto Justus veio a BH anunciar o hotel na avenida do Contorno, prometido para 2014. A nova data é fim de 2018. Será cinco estrelas e terá bandeira internacional.

Atrasados devem R$ 82 mi para a PBH
Dos 35 novos hotéis que começaram as obras com a promessa de entrega em 2014, 13 não cumpriram o prazo. Segundo a Secretaria Municipal da Fazenda de Belo Horizonte, eles foram notificados a pagarem multas e estão inscritos na dívida ativa, com débitos de R$ 82 milhões. Três estão em processo de cobrança judicial, quatro em cobrança administrativa; quatro estão com a exigibilidade suspensa por discussão do mérito; e dois foram parcelados.

“O município tem que cobrar, pois todos os outros empreendedores que pagaram horas extras para entregar os hotéis no prazo foram prejudicados”, comenta o consultor da JR&MVS, Maarten Van Sluys.

Segundo Sluys, a possibilidade de os donos também serem responsabilizados criminalmente é positiva. “Abre precedente para que investidores lesados também abram processos criminais, e não apenas na área cível”, destaca.

(Portal O Tempo - Capa - Economia - 08/03/2018)

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Um comentário:

  1. Choram os CORVOS... O fundo do poço, que fundo? Espero que tenham o couro grosso, pois, ainda vão levar muita chibatada.

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