Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Vinicius Costa, a situação não é incomum. “As construtoras acabam utilizando o dinheiro de um empreendimento para finalizar o outro e criam uma bola de neve. Isso, infelizmente, acontece com frequência”, conclui
Sonhos de sair da casa dos pais, de se casar ou parar de pagar aluguel se
transformaram em pesadelo para compradores de apartamentos da construtora Casa
Mais, com sede em Belo Horizonte, que paralisou as obras de pelo menos 20
empreendimentos em Belo Horizonte e região, além de Uberlândia e Juiz de Fora.
A ascensorista Heloísa de Jesus Costa, 51, comprou na planta um
apartamento no residencial Village, da Casa Mais, em Ribeirão das Neves, região
metropolitana de Belo Horizonte, em junho de 2015, com previsão de entrega em
setembro de 2016. Mas a obra não foi terminada e está parada. “Não tem ninguém
trabalhando, nem um segurança. Estive no local no mês passado. Tenho muito medo
de perder o dinheiro que paguei e de invadirem o local”, afirma Heloísa.
Ela comprou o apartamento para o filho se casar e paga mais de R$ 400 por
mês para a Caixa Econômica Federal por “evolução de obra”. “Meu filho adia o
casamento há dois anos”, diz. Eles entraram na Justiça contra a construtora e
fizeram um boletim de ocorrência na Polícia Civil.
Um grupo de cerca de 35 compradores acionou a Associação Brasileira dos
Mutuários da Habitação (ABMH) em função da paralisação das obras da Casa Mais.
“Vamos entrar com uma ação civil pública contra a construtora no Tribunal de
Justiça e pedir o acompanhamento do Ministério Público para apurar se houve
desvio de dinheiro”, afirma o presidente da ABMH, Vinicius Costa. Ele explica
que, nos contratos avaliados, há uma cláusula que garante que os valores
destinados para um empreendimento não podem ser usados em outro. “Baseado nessa
cláusula, será apurado se teremos ação criminal”, declara.
Sumiço
As obras do residencial Quinta da Boa Vista, da Casa Mais, em Sabará,
estão paralisadas desde março, segundo a assistente de departamento pessoal
Sheila Di Angelis Lima, 29. Ela comprou uma unidade em outubro de 2016 e já
investiu cerca de R$ 20 mil no apartamento. “Estive lá em fevereiro e tinha
gente trabalhando. Em março, as obras pararam, e soubemos que os funcionários
tinham sido demitidos”, conta Sheila.
Ao entrar em contato com a empresa, descobriu que a sede tinha sido
desativada. “Estive na loja da Casa Mais, que ficava na rua Espírito Santo
(região Central de Belo Horizonte), e não tinha nada lá. No site, vi que a
construtora tinha mudado para o bairro Floresta e, quando cheguei no endereço,
não encontrei nada”, afirma Sheila. Além disso, ela também foi informada sobre
várias demissões na empresa.
Segundo o advogado da Casa Mais, Albert Wagner Rocha, a empresa não faliu e nem está em
recuperação judicial. “A empresa passa por uma reestruturação, em razão da
crise financeira que existe. Por causa dessa reestruturação, houve a mudança de
sede. Alguns funcionários foram demitidos e a obra do Quinta da Boa Vista foi
paralisada”, conta. Segundo ele, como a empresa ainda não está totalmente
adaptada no novo local, alguns clientes podem ter tido dificuldade de
atendimento. Sobre o atraso em outras obras, o advogado afirmou que não tinha
informações.
Demissões
“A Casa Mais, além de paralisar obras, demitiu funcionários sem pagar
acertos e salários atrasados. Fui demitida em fevereiro de 2018 e até hoje não
me pagaram o acerto e nem os dois salários que estavam atrasados”, diz Marina
Miranda, 26, que trabalhava no serviço de atendimento ao cliente da empresa.
O corretor Christhiann Marcell Andrade, 27, saiu da empresa em março deste
ano. “Não recebi acerto e o salário estava atrasado desde janeiro. Também
ficaram me devendo a comissão de um imóvel”, conta. Albert Rocha, porém, diz
não ter conhecimento de demissões na área administrativa. “Envolvem
terceirizados de empreiteiras, que receberam e não pagaram seus funcionários.
Quando eles entram na Justiça, citam a Casa Mais”, afirma o advogado.
Caixa já notificou a empresa
A Caixa Econômica Federal tem contratos com a construtora Casa Mais em
sete empreendimentos, já fez uma notificação extrajudicial e acionou a
seguradora da empresa, que são, segundo o banco, “as providências
administrativas previstas em contrato”, diz a nota.
Uma das maiores preocupações dos clientes da construtora são possíveis
invasões. “Tivemos uma reunião na Caixa e falamos sobre a preocupação com as
invasões. Porque alguns apartamentos estão mais adiantados do que outros. E não
tem segurança alguma nas obras (abandonadas)”, alerta a cliente da Casa Mais,
Sheila Di Angelis Lima. Tanto a Caixa como o advogado da construtora, Albert
Wagner Rocha, afirmam que a seguradora, quando acionada, fica responsável pela
segurança das obras. “Os empreendimentos são todos seguradas, o que dá
tranquilidade aos clientes”, afirma Rocha.
Segundo a nota da Caixa Econômica Federal, a seguradora também ficará
responsável por avaliar se a finalização da obra será feita por outra
construtora, já que o banco, pelo contrato, pode definir uma nova empresa para
terminar os empreendimentos. “A Caixa já acionou a seguradora e, caracterizando
o sinistro, a mesma assumirá a obra com a contratação de outra empresa para
concluí-la”, informa o banco.
Segundo Rocha, a empresa tem condições de reassumir as obras. “Temos
plenas condições. Mas, agora, é necessário negociar com a Caixa, já que o banco
tem o poder de indicar outra construtora. Nosso interesse, porém, é finalizar
os empreendimentos”, afirma.
Pagamentos continuam
Os pagamentos para a Caixa Econômica Federal da evolução da obra continuam
sendo feitos pelos clientes da Casa Mais, mesmo com as obras paradas. “É
importante continuar fazendo os pagamentos para não ficar ‘negativado’. Por
isso, não parei de pagar”, afirma o técnicos em telecomunicações Douglas
Teixeira Lopes, 28, que comprou na planta um apartamento no residencial Quinta
da Boa Vista, da Casa Mais, em Sabará.
Sheila Di Angelis, que também tem uma unidade no empreendimento, conta que
paga o banco e a entrada para a construtora. “Quando temos problema com o
boleto da entrada, a construtora atende” reclama.
Problema generalizado
Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação
(ABMH), Vinicius Costa, a situação não é incomum. “As construtoras
acabam utilizando o dinheiro de um empreendimento para finalizar o outro e
criam uma bola de neve. Isso, infelizmente, acontece com frequência”, conclui.
(Portal O Tempo - Capa - Economia - 12/05/2018)
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Isso acontece na terra da banânia porque a construtora pega um empréstimo no banco e repassa para os mutuotários. Fizeram empreendimentos demais para mutuotários de menos. Resultado bola de neve e a conta fica para os mutuOTÁRIOS. Como é feito em países sérios, a construtora deveria finalizar o projeto e ai sim vender os imóveis.
ResponderExcluirComcerteza
ResponderExcluirVai ANTA compra na plANTA....
ResponderExcluirCompra na plant o que nem existe e fica plantado prá sempre..simples assim..e sem $$$$$$$...
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