"Segundo Carvalho, as incorporadoras têm ainda um grande volume de distratos de imóveis vendidos e não têm mercado para investir fora do país." [...] O cenário de incerteza política e econômica travou o setor da construção em infraestrutura e edificações , atingindo em cheio o consumo de cimento
A indústria cimenteira do País não enxerga sinais de reação do consumo no
próximo ano. Por isso, já projeta que vai enfrentar o terceiro ano seguido de
retração da demanda do produto, afetada pela crise econômica brasileira. Após
11% de queda em 2015 e algo de 13% a 15% neste ano, as fabricantes estimam ao
menos 5% de recuo nas compras de cimento em 2017. Essa é a estimativa
preliminar do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC), que reúne as
empresas do setor.
Neste cenário, de três anos consecutivos de queda, o consumo de cimento no
país pode baixar do patamar de 72 milhões de toneladas em 2014 último ano de
crescimento, com um magro 1% para 52 milhões a 53 milhões de toneladas. Com isso,
a ociosidade das fábricas instaladas no país, na média, indica chegar a 50% ou
um pouco mais, considerando que há ainda alguns projetos entrando em operação.
Ao todo, o país tem 23 fabricantes e uma capacidade indo além de 100 milhões de
toneladas/ano.
Neste ano, novas unidades fabris, como a de Arcos (MG), da Cia.
Siderúrgica nacional (CSN), com mais de 2 milhões de toneladas anuais, foram
inauguradas. Em maio, a Votorantim Cimentos pôs para operar uma fábrica em
Primavera (PA), de 1,2 milhão de toneladas. Além de projetos de expansão de
outros fabricantes.
Crise bateu forte
Em outubro, o mercado registrou seu maior baque mensal de vendas desde o
início da crise decréscimo de 18,1%, tomando por base o mesmo mês de 2015. No
acumulado de dez meses, o volume comercializado somou 47,9 milhões de toneladas,
com recuo de 13,4% sobre igual período de um ano atrás. A média das vendas
diárias, considerada um termômetro mais realista do mercado, mostrou acentuação
do esfriamento da demanda 14,5%, conforme dados preliminares do SNIC.
A crise bateu tão forte sobre o setor que uma grande cimenteira, com
atuação no Brasil e no exterior InterCement /Cimpor, controlada pelo do grupo
Camargo Corrêa , encerrou o período janeiro a setembro com queda de 19,2% nas vendas
no mercado brasileiro, conforme balanço divulgado.
"As condições que garantiram a expansão do mercado cimenteiro no país
de 2005 a 2014 ruíram todas emprego e renda das pessoas em alta, juros e
inflação em patamares baixos, crédito em condições competitivas, entre
outras", afirma José Otávio de Carvalho, presidente do SNIC. O consumo
saltou 80%, saindo de 40 milhões de toneladas.
Do auge à crise imobiliária
Ele informa que, no auge do consumo brasileiro de cimento, 70% das vendas
se destinavam ao segmento de edificações: construção de imóveis residenciais,
comerciais e industriais. O restante era distribuído para obras de
infraestrutura e para o varejo (utilização em reformas e ampliações).
"Não vejo perspectivas de retomada tão cedo dessas variáveis macroeconômicas", diz o executivo do SNIC. Segundo Carvalho, as
incorporadoras têm ainda um grande volume de distratos de imóveis vendidos e
não têm mercado para investir fora do país. "É preciso que a população
volte a ter emprego e renda para ter confiança na aquisição de imóveis".
Para Carvalho, a única saída que sobra para alentar o mercado é por meio
de obras de infraestrutura, seja reativando programas como o PAC ou com oferta
de concessões. Os Estados estão quebrados financeiramente e grandes
empreiteiras (que foram importantes gestores de projetos no setor) estão sem
capacidade de movimentação após a Lava-Jato.
O cenário de incerteza política e econômica travou o setor da construção
em infraestrutura e edificações , atingindo em cheio o consumo de cimento.
Somouse a isso os efeitos da expansão da capacidade de produção (novos
entrantes), levando a um aumento da concorrência, com forte impacto nos preços
de venda. Mas, avalia o executivo, isso é ruim para as empresas, pois ninguém
compra mais cimento só porque o preço baixou e vai estocar.
Para Carvalho, tudo indica que teremos algo parecido com a crise do
petróleo, no início dos anos 80, quando a indústria teve quatro anos seguidos
de queda nas vendas, voltando a se recuperar somente três a quatro anos depois.
Ou seja, o patamar de consumo de 2014 poderá se repetir apenas em 2021/2022.
"Continuamos sem enxergar o fundo do poço", afirma o executivo.
A situação do mercado, com excesso de oferta de capacidade de produção, já
leva especialistas a avaliar que pode ocorrer uma onda de consolidação de
ativos no setor se a situação continuar se agravando e a concorrência ficar
ainda mais acirrada.
(Valor Online - Empresas - 18/11/2016)
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Os estoques de imóveis para vendas e locações estão elevados, qualquer aumento na construção irá aumentar os estoques. Portanto a recuperação no setor de cimento somente ocorrerá com a redução dos estoques atuais de imóveis prontos. Não podemos esquecer que muitas unidades que estão sendo terminadas entrarão no mercado em breve, fato que juntamente com os distratos contribuirá para aumentar ainda mais os estoques. Existe saída sim: Reduzam os preços dos imóveis, pois nos níveis atuais ninguém comprará. Estamos aguardando preços reais para pensar em comprar.
ResponderExcluirNem se o Brasil sair da recessão os preços voltam a subir. A verdade que ninguém quer dizer é que os preços da moradia (tanto venda quanto aluguel) subiram duas, três vezes mais que a renda desde 2007. O resultado ta aí, o setor parece um país arrasado depois de uma guerra.A única saída possível é amargarem prejuízos por um tempo, vendendo pelo quanto der, tentando fechar a conta mês a mês, evitar se endividar mais ainda e quem sabe não precisa pedir recuperação judicial. Quanto mais resistência à aceitação da situação próxima da explosão de falências tiverem as construtoras (que parecem aguardar descer um profeta do céu com a solução), pior será na hora da quebra, pois a cada dia, a cada minuto, a cada mês pioram as condições da população de comprar sua caixinha de fósforo. A escolha é só delas: quer quebrar gostoso ou quer tentar se salvar?
ResponderExcluirTentem vender com redução de 40% para ver o que acontece. Acho que aí aparecerão alguns compradores.Mesmo assim os estoques continuarão muito alto.
ResponderExcluirimovel = buraco
ResponderExcluirAp de 46m2 em Jundiaí-SP por 190 mil..isso porque é bem simples do MCMV
ResponderExcluirSó podem estar loucos....financiado em 30 anos chega a 320 mil...
Gracas a Deus tive tempo de pular fora desse barco furado...essa areia com cimento não vale mais que 100 mil..
Preciso de um imóvel, mas só um pouco compra nas condições atuais ....
Desejo a todos muita sabedoria e conhecimento para não ficar 30 anos sofrendo financeiramente!
È muito mais negócio comprear um terreno e construir......
ResponderExcluirNós preços que os terrenos estão? Nada hoje é bom negócio. Por culpa das construtoras, os terrenos inflaram muito de preços nos últimos anos e apenas nesses últimos dois anos começaram a reduzir.
ExcluirRealmente o melhor é construir mesmo, mas o preço dos terrenos podem encarecer um pouco, e claro, dependendo do padrão de construção o imóvel pode ficar bem caro, pois o que mais gasta na construção é o tipo de acabamento, padrão alto é caro mesmo, padrão médio já pode caber no bolso. Em todos os casos tem que pesquisar
ExcluirNão fica caro.
ExcluirEu paguei 150.000 em um lote de 200m e gastei 150.000 para construir uma casa de 140m.
Total 300.000.
Preço de um apartamento de 50 metros quadrados