Com o mercado imobiliário patinando por causa da crise, um fenômeno contribui para o aumento da oferta de apartamentos para locação: são proprietários que não conseguem vender o imóvel ou não aceitam preços mais baixos e decidem alugá-lo para não arcar com pagamento de condomínio e taxas
Na crise, a cidade do Rio já tem 14,4% de imóveis residenciais vagos para
locação, o maior nível em um ano. O dado faz parte do relatório de Inteligência
Imobiliária da corretora Apsa referente ao mês de maio. Segundo especialistas,
a faixa ideal é de, no máximo, 10%. Neste cenário, vale tudo para não ficar com
o imóvel vazio. Nos últimos 12 meses, o preço do aluguel cobrado pelos
proprietários recuou 5,74%, para R$ 34,17 o metro quadrado, segundo
levantamento da FipeZap. Os proprietários estão abrindo mão de exigências para
assinatura do contrato, como fiador. Além disso, aceitam redução de 30% a 33%
em relação ao valor pedido inicialmente. Já há casos em que o inquilino
consegue uma carência de até três meses, período em que paga somente os
encargos.
— É um momento muito favorável para quem deseja alugar imóvel. Há muita
chance de barganha, o mercado está totalmente na mão do inquilino. A queda de
preço é ainda maior se for um imóvel de alto padrão, com desvalorização de até
25% em um ano. Copacabana está sofrendo mais com o grande número de oferta de
imóveis, e a área da Grande Tijuca sente o efeito do aumento da violência —
explica Leonardo Schneider, vice-presidente do Sindicato da Habitação
(Secovi-Rio).
Em Copacabana, o percentual de imóveis vagos é o mesmo da cidade, de
14,4%. No Recreio, a taxa é de 20,2%.
Com o mercado imobiliário patinando por causa da crise, um fenômeno
contribui para o aumento da oferta de apartamentos para locação: são
proprietários que não conseguem vender o imóvel ou não aceitam preços mais
baixos e decidem alugá-lo para não arcar com pagamento de condomínio e taxas.
Além disso, as construtoras finalizaram a entrega de unidades de grandes
empreendimentos, contratados antes do agravamento da crise. Para o gerente
geral de Imóveis da Apsa, Giovani Oliveira, o aumento de 300% desde 2015 no
número de imóveis disponíveis para locação também pode ser atribuído à
devolução de apartamentos que antes estavam alugados.
— O estoque de imóveis aumentou muito e, por toda parte, há placas de
aluguel. Essa elevação é consequência do rompimento de contratos por inquilinos
que encontram casas e apartamentos com mesmo padrão mas mais baratos.
Observamos ainda que alguns estudantes que moravam longe dos pais começaram a
entregar os imóveis ou estão indo para regiões menos nobres, com tíquete médio
de locação mais baixo. As pessoas também voltaram a dividir a moradia — observa
Giovani Oliveira.
Importante é manter o inquilino
bom pagador
Para viabilizar a locação, os proprietários estão mais sensíveis a
negociações. No lugar do fiador, aceitam o pagamento de seguro, em muitos casos
descontado da parcela recebida pelo dono do imóvel. E há casos em que concedem
carência, prática mais comum em imóveis comerciais.
— Também já fechamos contratos em que o proprietário abre mão de dois,
três meses do aluguel, e o inquilino paga as taxas, condomínio e o IPTU. Um
custo de R$ 700 ou mais, só para manter o imóvel fechado, é muito pesado em
tempos de crise — ressalta Edson Pires, sócio da Sawala Imobiliária.
Para quem já está com o imóvel alugado, o desafio é não perder o
inquilino, especialmente se for um bom pagador. Por isso, muitos proprietários
estão abrindo mão dos reajustes anuais. De acordo com corretores de imóveis, no
período de aniversário de contratos, mais da metade dos locatários pedem para
que o aumento não seja aplicado ou solicitam até a redução do preço do
contrato. E cerca de 80% conseguem ter seus pleitos atendidos. Na prática, o
contrato de aluguel com vencimento em julho já vai apresentar correção para
baixo após o anúncio de deflação captado pelo Índice Geral de Preços ao Mercado
(IGP-M), considerado referência para correção dos preços dos aluguéis.
— No acumulado de 12 meses até junho, o índice acumulou queda. Em 2017 tivemos
três meses consecutivos de índice negativo: abril, maio e
junho — observa Salomão Quadros, superintendente adjunto de Índices
Gerais de Preços do FGV/IBRE. — Agora, o IGP-M está refletindo em números a
realidade, a crise que reduz os preços. Isso dificulta o mercado de aluguéis.
Para Bruno Oliva, economista da Fipe, os proprietários estão se orientando
mais pela média de preços do mercado do que pelo índice.
— Mesmo quando o IGP-M ainda avançava, as pessoas deixaram de praticar os
aumentos para não cobrar um preço acima daqueles praticados no mercado e perder
os inquilinos — ressalta Oliva.
A arquiteta Luciana Jacob, de 42 anos, não promove reajustes no preço do
aluguel de um apartamento na Tijuca há dois anos. Segundo ela, o inquilino tem
um contrato antigo, superior a 30 meses iniciais, mas a flutuação de mercado é
mais relevante para ela do que os índices de inflação.
— Sempre acompanhei o mercado para estipular o preço, então, antes, era um
imóvel com um aluguel adequado ao mercado. Quando começou a crise, o mais
importante foi manter um inquilino bom pagador. Afinal, um apartamento vazio
significa ficar meses com despesa de condomínio. Ele é funcionário público da
prefeitura e do Estado e, logo, está sendo muito afetado por essa crise. Como
antes os preços eram mais altos, apesar de não ter ajuste, o aluguel ainda está
no preço do mercado — conta Luciana.
Procura por preços mais em conta
Apesar dos números negativos, o analista de inteligência imobiliária Bruno
Batista já vê sinais de recuperação futura em razão da combinação de preços
menores e revisão de contratos. Ele avalia que dois fatores contribuem para uma
perspectiva de melhora neste segmento: a crise desencorajou pretendentes à
compra de imóvel a concluir o negócio, preferindo deixar os recursos em
aplicações financeiras e buscando imóveis para morar de aluguel:
— A flexibilização do proprietário dá uma velocidade maior ao negócio. E a
crise faz com que muitas pessoas adiem compra de imóveis e passem a alugar.
Além disso, houve um fenômeno de migração de locatários em busca de preços
mais adequados ao cenário de queda de renda e perda de postos de trabalho. Ou
seja, para economizar, as famílias trocaram bairros mais valorizados por outros
com custo de vida mais baixo. Esse cenário se reflete no percentual de imóveis
vagos de bairros como o Méier (9%), que recebeu antigos moradores da Grande
Tijuca, e Catete (9,4), que se tornou opção para quem ocupava imóveis em outros
bairros da Zona Sul.
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(O Globo.com - Economia - 03/07/2017)
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Estou evitando comentar aqui pois não há nada novo... tudo foi previsto e tentamos alertar... mas em um cenário como o nosso era no mínimo previsível... um amigo meu no Rio ficou enlouquecido para comprar uma casa e eu tentando sem sucesso fazê-lo desistir de sua loucura. Comprou um casebre velho por R$720.000,00. Deu R$350.000,00 de entrada e o restante financiado pela CEF.
ResponderExcluirAté aí tudo bem, o golpe já estava dado, mas quando o sujeito começou a reformar a casa, descobriu que a casa era tão velha que nem colunas tinha e que, segundo o engenheiro, teria que reforçar a casa, além de trocar a elétrica e hidráulica e que o gasto poderia ser superior a R$150.000,00.
Quando o animal irracional veio chorar eu disse: Eu avisei, agora, amarga o prejuízo que levará para o resto da vida ou.............. pare de pagar a CEF e deixe eles tomarem o imóvel, que o prejuízo seria menor.
Assim, seguem os corvos, enganando e sendo enganados. Mentindo para seus compatriotas, traindo seu próprio povo.
Enquanto isso... estou recebendo os seus juros... não queria que fosse assim, mas brasileiro é tão bonzinho...
720,000,00 numa casa velha que não vale 150,000,00, o cara só pode ter cheirado.
ExcluirIsso aqui é tudo conversa fiada , não tem imóvel nenhum barato os preços estão congelados ..
ResponderExcluirConcordo. Aqui em caieiras terreno de 30.000,00 chegou rápido a 150.000,00. Agora o pessoal vende com desconto a 120.000,00. Mas quem chegou agora acha que é um bom desconto.
ExcluirUé!! Mas não era o GRANDE negócio!! Ou os corretores avisaram que isso poderia acontecer?! Avisaram?! Hein?!!
ResponderExcluirCorretore?! E aí?
Conversa fiada pura mesmo. Preços congelados e nada mais. Sempre esse papinho de "agora é hora de fazer negócio, o momento é favorável". Vai enganar trouxa!
ResponderExcluirConcordo. Reportagem requentada. Difícil encontrar preço justo para alugar ou vender. Joga o valor lá em cima pra baixar pouca coisa e dizer que foi um descontaço.
ExcluirAqui em BH o pessoal enlouqueceu, pesquisando em bairro que conheço muito bem, parece que todos os moradores estão anunciando seus imóveis, mais de 600, e como acompanho os preços a mais de 5 anos, imóveis eram anunciados a 700 mil e não venderam, agora a média é de 1200 mil, tem amos de 100 imóveis de mais de 1400 mil, com cerâmica e bidê rosa. Em resumo pobre brasileiro quebrado, sem dinheiro para reforma, nem para comida, e acha que é milionário e seu imóvel vale milhões,
ResponderExcluirsão Alices no pais das maravilhas
Corvos desapareceram... será o vento 💨 gélido da crise?
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