“Nas duas últimas semanas, a situação voltou a apertar”, conta Rodrigo Luna, presidente da incorporadora Plano & Plano, empresa parceira da Cyrela e focada nas moradias para a população de menor renda
Os empresários do setor de construção têm feito coro para cobrar a
normalização da liberação de financiamentos da Caixa Econômica Federal para a
compra e a construção de imóveis no País. O gargalo na concessão de crédito tem
ocorrido há cerca de dois a três meses e passou a se intensificar nos últimos
dias. O banco enfrenta restrições para liberar novos empréstimos devido à
necessidade de adequar sua estrutura interna às novas regras do Acordo de
Basileia.
“Nas duas últimas semanas, a
situação voltou a apertar”, conta Rodrigo Luna, presidente da incorporadora
Plano & Plano, empresa parceira da Cyrela e focada nas moradias para a
população de menor renda, dentro do Minha Casa, Minha Vida. Nesse segmento, as
empresas são ainda mais impactadas pelos gargalos da Caixa. O banco responde
por 65% do mercado de crédito imobiliário, mas esse patamar sobe para 95% no
mercado de baixa renda.
Luna diz que a Plano & Plano ouviu da Caixa que a situação será
normalizada em breve, motivo pelo qual a incorporadora não deixou de lançar
novos projetos. Na última semana, foram lançados dois empreendimentos e mais
dois estão previstos até o fim do ano, afirma o executivo.
O presidente da Associação Brasileira das Incorporadoras (Abrainc), Luiz
França, afirma que o problema é preocupante, mas confirma que o banco e o
governo federal já sinalizaram que tratarão com prioridade as iniciativas para
normalizar os empréstimos. “Nós trabalhamos com a hipótese de que esse é um
problema que será resolvido nos próximos dias. Não vemos outra hipótese”,
ressalta França.
Ele diz que, diante da indisponibilidade de recursos, a Caixa tem
priorizado o financiamento de imóveis para famílias com renda de até R$ 4 mil,
enquanto os demais segmentos dificilmente conseguem os empréstimos. Apesar
desse cenário, França diz que o mercado imobiliário segue com a tendência de
recuperação e pode fechar 2018 com crescimento. No acumulado do ano até agosto,
as vendas subiram 25,5%, enquanto os lancamentos recuaram 3,5%, segundo
pesquisa da Abrainc com a Fipe.
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José
Carlos Martins, alertou na segunda-feira para o risco de o mercado imobiliário
residencial sofrer um encolhimento no próximo ano, mesmo que haja continuidade
das melhoras macroeconômicas, como redução da inflação e dos juros. Na sua
avaliação, o setor permanece pressionado pelos gargalos de crédito da Caixa,
que se somam a outros problemas, como a falta de regras claras para os
cancelamentos de contratos de compra e venda de imóveis na planta (distratos).
“O mercado tem todas as condições para crescer. Mas se essas questões não
forem resolvidas, vemos o risco de os números (de lançamentos e vendas) do
mercado em 2018 serem menores”, disse Martins. “Não está faltando cliente. O
que faltam são condições para esses clientes adquirirem o tão desejado imóvel.
As condições macroeconômicas melhoraram, mas só isso não é suficiente”, frisou.
Cadeia da Construção
A Abrainc e a Fipe lançaram nesta terça um estudo que busca evidenciar o
tamanho da cadeia da construção e os seus impactos sobre a economia. O estudo
estima que foram lançadas 6,3 milhões de unidades residenciais pelas
incorporadoras no País entre 2008 e 2017, dos quais 77,8% são moradias
populares enquadradas no programa Minha Casa Minha Vida, 20,7% são residências
de médio e alto padrão e 1,6% imóveis comerciais.
A atividade de construção e incorporação imobiliária foi responsável pela
geração de 1,9 milhão de empregos no período de 2010 e 2017. Os postos de
trabalho se espalharam por toda a cadeia produtiva, incluindo atividades que
são impulsionadas pela formação de novos lares. Do total de empregos gerados,
372,5 mil (19,7%) foram para a indústria de transformação, 310,6 mil (16,4%)
para o comércio e 305,2 mil (16,1%) para a construção.
O levantamento mostra ainda que a incorporação imobiliária e as atividades
a ela associadas arrecadaram cerca de R$ 157,4 bilhões de 2010 a 2017, uma
média de R$ 19,7 bilhões por ano. Desse montante, 41,7% foram para os cofres do
governo federal, 37,9% para o estadual e 20,4% para as prefeituras municipais.
(IstoÉ Dinheiro - Economia - 28/11/2017)
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Senhor Presidente da CEF
ResponderExcluirNão caia nessa conversa fiada dos empresários do setor.
Basta olhar como eram os anos 80/90. Não tinham tantos lançamentos, tantos imóveis de péssima qualidade e não eram caros. Tipo, uma casa chamada popular, seria hoje no valor de R$25.000,00.
Nem por isso o Brasil faliu, e as empresas quebraram.
Os empresários não querem nem aceitam baixar as margens de lucro, pois querem ganhar 500%.
Exemplo: um apartamento de 40 metros quadrados que no final do empreendimento sai a R$40.000 + 500%= R$240.000,00.
Agora, dentro da realidade brasileira: Apartamento de 40 M2 R$40.000 + 30%= R$52.000,00.
Como a Caixa é boazinha com o dinheiro público para dar para os empresários... não fazem avaliações técnicas.
Daí o cara compra o imóvel por R$240.000, não aguenta pagar, vai a leilão e a dívida fica para a CEF que distribui o prejuízo para você.
Ademais, se as construtoras não ficaram bilionárias no governo popular, não ficam nunca mais.
350,00 o m2 e estamos conversados...
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