A combinação de restrições de crédito, baixa confiança do consumidor e dos atuais níveis de emprego e renda pressiona o volume de rescisões de vendas e desestimula lançamentos. [...] Em oito meses, a retração acumulada é de 37,5%, para 8.007 unidades na cidade de São Paulo, segundo a Embraesp. As vendas acumulam queda de 26,1%, para 9.100 unidades até agosto, de acordo com o Secovi-SP
Em um ambiente de distratos elevados e dificuldade de redução de estoques,
os números consolidados de lançamentos e vendas líquidas das incorporadoras de
capital aberto de janeiro a setembro tendem a ser inferiores aos do mesmo
período do ano passado. A combinação de restrições de crédito, baixa confiança
do consumidor e dos atuais níveis de emprego e renda pressiona o volume de
rescisões de vendas e desestimula lançamentos.
As prévias já divulgadas apontam lançamentos de R$ 7,2 bilhões, pouco
acima dos R$ 7 bilhões dos nove meses de 2015. As vendas também ficaram no
patamar de R$ 7 bilhões uma queda de 13,3% na comparação anual. Por enquanto,
Cyrela, Direcional Engenharia, Even Construtora e Incorporadora, EZTec, Gafisa,
MRV Engenharia e Rodobens Negócios Imobiliários (RNI) informaram lançamentos e
vendas até setembro.
Ainda não são de conhecimento público os lançamentos e vendas que tendem a
apresentar desempenho ruim, como os números de PDG Realty, da Rossi Residencial
e Viver Incorporadora, companhias que estão entre as mais alavancadas do setor.
No terceiro trimestre, as sete incorporadoras mencionadas lançaram R$ 2,43
bilhões, 4,3% acima do mesmo período do ano passado. As vendas líquidas caíram
10,4%, para R$ 2,46 bilhões.
Quedas e mais quedas
Dados da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) apontam
lançamento de 1.177 unidades em agosto, na cidade de São Paulo, com redução de
39,6% na comparação anual. Em agosto, as vendas de imóveis residenciais novos caíram
32,9% na capital paulista, para 1.078 unidades, na comparação anual, segundo dados
do SecoviSP, o Sindicato da Habitação.
Em oito meses, a retração acumulada é de 37,5%, para 8.007 unidades na
cidade de São Paulo, segundo a Embraesp. As vendas acumulam queda de 26,1%,
para 9.100 unidades até agosto, de acordo com o Secovi-SP.
Lançamentos e vendas para o segmento de baixa renda e abrangência nacional
da atuação dos associados da Abrainc explicam a discrepância entre os números
apresentados pela entidade com os do Secovi-SP, limitados a São Paulo. O diretor
da entidade, Luiz Fernando Moura, ressalta que há poucos negócios na capital paulista
destinados ao segmento econômico.
O programa habitacional Minha Casa, Minha Vida é financiado com recursos
do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que sofreu menos restrições do
que o crédito para imóveis das rendas média e alta. Isso faz com que o desempenho
operacional dos empreendimentos focados na baixa renda tenha sido superior ao
dos demais.
Recuperação judicial
Levantamento da consultoria Olímpia Partners e da Integral Real Estate
cita que, diante da combinação de excesso de estoques e crescimento dos
distratos frente à restrição de crédito, aos juros elevados e ao crescimento do
desemprego, o Índice Imobiliário da Bovespa (Imob) teve valorizou apenas 32% de
setembro de 2015 a agosto deste ano, enquanto o Ibovespa subiu 46%.
Em 29 de setembro, a relação entre valor de mercado e patrimônio líquido da
MRV era de uma vez, da EZTec de 0,9 vez e da Cyrela, de 0,7 vez, conforme dados
citados no estudo da Olimpia Partners e da Integral Real Estate.
Incorporadoras que figuram entre as que possuem as maiores dificuldades
financeiras, PDG e Rossi tinham relação entre valor de mercado e patrimônio
líquido de 0,1 vez.
Para as incorporadoras mais endividadas, o impacto das dificuldades
operacionais é maior. Isso resultou, no caso da Viver, no pedido, em meados de
setembro, de recuperação judicial, suscitando o questionamento se outras
empresas do setor também seguirão esse caminho. Há risco de a PDG pedir
recuperação judicial nas próximas semanas.
(Valor Online - Empresas - 03/11/2016)
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A abertura de capital das incorporadoras era fadada ao insucesso, pois a base de sustentação, vendas na planta, era frágil não existe em lugar nenhum do planeta exceto no Brasil.
ResponderExcluirDaí observa-se o início do desmonte que estamos a assistir.
O pior está por vir!!!
Resumindo, o cenário há oito meses era péssimo. Houve retração de mais de 30% em cima desse cenário que já era péssimo. Cabe ressaltar que são dados feitos em cima de informações que não retratam a realidade exata, ou seja, a retração é ainda maior do que a divulgada.
ResponderExcluirConsidero a reportagem útil, mas é mais uma que desvia da principal razão dessa crise imobiliária que são os valores incompatíveis praticados hoje.